sábado, 27 de março de 2010

Semana “SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN” (VI)


A 2 Julho de 2004 silenciava-se a voz da poetisa que marcara nas últimas seis décadas a literatura portuguesa na qual deixou inesquecível marca tal a qualidade da poesia que nos deixou. Poetisa como a si própria se chamava. Outras mulheres querem que se lhes chame poetas. Mas Sophia preferia assumir o que não entendia como inferioridade mas como significativa diferença. Nascera na cidade do Porto em 6 de Novembro de 1919, de família numerosa, aristocrática e de raízes dinamarquesas por parte de seu pai. Veio para Lisboa para frequentar a Faculdade de Letras mas não chegou a concluir o curso de Filologia Clássica. Estreou-se em 1944 com o livro “Poesias”, uma colectânea onde já assomavam os temas que estiveram presentes ao longo da sua obra: o mar, a casa, o amor, a transparência luminosa dos céus do Sul, a exaltação dos comportamentos nobres e a dimensão ética das belas atitudes. Além da poesia deixou-nos também belos escritos em prosa, alguns deles a pensar nos mais novos. Foi premiada com distinções de elevado significado, entre as quais se destacam: Prémio Camões, em 1999; Prémio Max Jacob, em 2001; Prémio de poesia Ibero-americana rainha Sofia, em 2003.

Exílio
 
Quando a pátria que temos não a temos
Perdida por silêncio e por renúncia
Até a voz do mar se torna exílio
E a luz que nos rodeia é como grades
 
 
25 DE ABRIL
 
Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo
 

Se tanto me dói que as coisas passem
 
Se tanto me dói que as coisas passem
É porque cada instante em mim foi vivo
Na busca de um bem definitivo
Em que as coisas de Amor se eternizassem

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