terça-feira, 29 de junho de 2010

EM VIAGEM

QUANDO ESTA MENSAGEM FOR PUBLICADA, TERÁ ACABADO A PUBLICAÇÃO DA MINHA HOMENAGEM A
JOSÉ SARAMAGO

JÁ ESTAREI EM VIAGEM

ADEUS. ATÉ AO MEU REGRESSO

sábado, 26 de junho de 2010

Semana "SARAMAGO" (VII)


José Saramago nasceu na Azinhaga, Golegã, em 16 de Novembro de 1922 e morreu na ilha de Lanzarote em 18 de Junho de 2010.
Uma infância pobre moldou-lhe o carácter e definiu-lhe as opções estruturantes da sua personalidade. A educação académica foi tardia e conjugada com a sua inicial condição de operário. Manteve a sua militância no Partido Comunista Português, até ao fim da sua vida. Mas sem nunca abdicar da sua atitude livre e crítica em todos os posicionamentos que assumiu e em todas as opiniões que expressou.
Traduzido em muitos idiomas e  lido em muitos países, com o Nobel de Literatura de 1998, adquiriu o reconhecimento mundial. Também ganhou o Prémio Camões, o mais importante prémio literário da língua portuguesa. Escritor, argumentista, jornalista, dramaturgo, contista, romancista, é, contudo, pouco conhecido como poeta.

Passado, Presente, Futuro
 
Eu fui. Mas o que fui já me não lembra:
Mil camadas de pó disfarçam, véus,
Estes quarenta rostos desiguais.
Tão marcados de tempo e macaréus.

Eu sou. Mas o que sou tão pouco é:
Rã fugida do charco, que saltou,
E no salto que deu, quanto podia,
O ar dum outro mundo a rebentou.

Falta ver, se é que falta, o que serei:
Um rosto recomposto antes do fim,
Um canto de batráquio, mesmo rouco,
Uma vida que corra assim-assim.

José Saramago, in "Os Poemas Possíveis"

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Semana "SARAMAGO" (VI)


José Saramago nasceu na Azinhaga, Golegã, em 16 de Novembro de 1922 e morreu na ilha de Lanzarote em 18 de Junho de 2010.
Uma infância pobre moldou-lhe o carácter e definiu-lhe as opções estruturantes da sua personalidade. A educação académica foi tardia e conjugada com a sua inicial condição de operário. Manteve a sua militância no Partido Comunista Português, até ao fim da sua vida. Mas sem nunca abdicar da sua atitude livre e crítica em todos os posicionamentos que assumiu e em todas as opiniões que expressou.
Traduzido em muitos idiomas e  lido em muitos países, com o Nobel de Literatura de 1998, adquiriu o reconhecimento mundial. Também ganhou o Prémio Camões, o mais importante prémio literário da língua portuguesa. Escritor, argumentista, jornalista, dramaturgo, contista, romancista, é, contudo, pouco conhecido como poeta.

Passado, Presente, Futuro
 
Eu fui. Mas o que fui já me não lembra:
Mil camadas de pó disfarçam, véus,
Estes quarenta rostos desiguais.
Tão marcados de tempo e macaréus.

Eu sou. Mas o que sou tão pouco é:
Rã fugida do charco, que saltou,
E no salto que deu, quanto podia,
O ar dum outro mundo a rebentou.

Falta ver, se é que falta, o que serei:
Um rosto recomposto antes do fim,
Um canto de batráquio, mesmo rouco,
Uma vida que corra assim-assim.

José Saramago, in "Os Poemas Possíveis"

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Semana "SARAMAGO" (V)


José Saramago nasceu na Azinhaga, Golegã, em 16 de Novembro de 1922 e morreu na ilha de Lanzarote em 18 de Junho de 2010.
Uma infância pobre moldou-lhe o carácter e definiu-lhe as opções estruturantes da sua personalidade. A educação académica foi tardia e conjugada com a sua inial condição de operário. Manteve a sua militância no Partido Comunista Português, até ao fim da sua vida. Mas sem nuca abdicar da sua atitude livre e crítica em todos os posicionamentos que assumiu e em todas as opiniões que expressou.
Traduzido em muitos idiomas e  lido em muitos países, com o Nobel de Literatura de 1998. Também ganhou o Prémio Camões, o mais importante prémio literário da língua portuguesa. Escritor, argumentista, jornalista, dramaturgo, contista, romancista, é, contudo pouco conhecido como poeta.

No Coração, Talvez

No coração, talvez, ou diga antes:
Uma ferida rasgada de navalha,
Por onde vai a vida, tão mal gasta.
Na total consciência nos retalha.
O desejar, o querer, o não bastar,
Enganada procura da razão
Que o acaso de sermos justifique,
Eis o que dói, talvez no coração.

José Saramago, in "Os Poemas

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Semana "SARAMAGO" (IV)


José Saramago nasceu na Azinhaga, Golegã, em 16 de Novembro de 1922 e morreu na ilha de Lanzarote em 18 de Junho de 2010.
Uma infância pobre moldou-lhe o carácter e definiu-lhe as opções estruturantes da sua personalidade. A educação académica foi tardia e conjugada com a sua inicial condição de operário. Manteve a sua militância no Partido Comunista Português, até ao fim da sua vida. Mas sem nunca abdicar da sua atitude livre e crítica em todos os posicionamentos que assumiu e em todas as opiniões que expressou.
Traduzido em muitos idiomas e  lido em muitos países, com o Nobel de Literatura de 1998., adquiriu o reconhecimento mundial Também ganhou o Prémio Camões, o mais importante prémio literário da língua portuguesa. Escritor, argumentista, jornalista, dramaturgo, contista, romancista, é, contudo, pouco conhecido como poeta.

Não me Peçam Razões...

Não me peçam razões, que não as tenho,
Ou darei quantas queiram: bem sabemos
Que razões são palavras, todas nascem
Da mansa hipocrisia que aprendemos.

Não me peçam razões por que se entenda
A força de maré que me enche o peito,
Este estar mal no mundo e nesta lei:
Não fiz a lei e o mundo não aceito.

Não me peçam razões, ou que as desculpe,
Deste modo de amar e destruir:
Quando a noite é de mais é que amanhece
A cor de primavera que há-de vir.

José Saramago, in "Os Poemas Possíveis"

terça-feira, 22 de junho de 2010

Semana "SARAMAGO" (III)


José Saramago nasceu na Azinhaga, Golegã, em 16 de Novembro de 1922 e morreu na ilha de Lanzarote em 18 de Junho de 2010.
Uma infância pobre moldou-lhe o carácter e definiu-lhe as opções estruturantes da sua personalidade. A educação académica foi tardia e conjugada com a sua inicial condição de operário. Manteve a sua militância no Partido Comunista Português, até ao fim da sua vida. Mas sem nuca abdicar da sua atitude livre e crítica em todos os posicionamentos que assumiu e em todas as opiniões que expressou.
Traduzido em muitos idiomas e  lido em muitos países, com o Nobel de Literatura de 1998, adquiriu o reconhecimento mundial. Também ganhou o Prémio Camões, o mais importante prémio literário da língua portuguesa. Escritor, argumentista, jornalista, dramaturgo, contista, romancista, é, contudo, pouco conhecido como poeta.

Intimidade
 
No coração da mina mais secreta,
No interior do fruto mais distante,
Na vibração da nota mais discreta,
No búzio mais convolto e ressoante,

Na camada mais densa da pintura,
Na veia que no corpo mais nos sonde,
Na palavra que diga mais brandura,
Na raiz que mais desce, mais esconde,

No silêncio mais fundo desta pausa,
Em que a vida se fez perenidade,
Procuro a tua mão, decifro a causa
De querer e não crer, final, intimidade.

José Saramago, in "Os Poemas Possíveis"

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Semana "SARAMAGO" (II)


José Saramago nasceu na Azinhaga, Golegã, em 16 de Novembro de 1922 e morreu na ilha de Lanzarote em 18 de Junho de 2010.
Uma infância pobre moldou-lhe o carácter e definiu-lhe as opções estruturantes da sua personalidade. A educação académica foi tardia e conjugada com a sua inicial condição de operário. Manteve a sua militância no Partido Comunista Português, até ao fim da sua vida. Mas sem nunca abdicar da sua atitude livre e crítica em todos os posicionamentos que assumiu e em todas as opiniões que expressou.
Traduzido em muitos idiomas e  lido em muitos países, com o Nobel de Literatura de 1998, adquiriu o reconhecimento mundial. Também ganhou o Prémio Camões, o mais importante prémio literário da língua portuguesa. Escritor, argumentista, jornalista, dramaturgo, contista, romancista, é, contudo, pouco conhecido como poeta.

Arte de Amar

Metidos nesta pele que nos refuta,
Dois somos, o mesmo que inimigos.
Grande coisa, afinal, é o suor
(Assim já o diziam os antigos):
Sem ele, a vida não seria luta,
Nem o amor amor.

José Saramago, in "Os Poemas Possíveis"

domingo, 20 de junho de 2010

Semana "SARAMAGO" (I)

José Saramago nasceu na Azinhaga, Golegã, em 16 de Novembro de 1922 e morreu na ilha de Lanzarote em 18 de Junho de 2010.
Uma infância pobre moldou-lhe o carácter e definiu-lhe as opções estruturantes da sua personalidade. A educação académica foi tardia e conjugada com a sua inicial condição de operário. Manteve a sua militância no Partido Comunista Português, até ao fim da sua vida. Mas, sem nunca abdicar da sua atitude livre e crítica em todos os posicionamentos que assumiu e em todas as opiniões que expressou.
Traduzido em muitos idiomas e lido em muitos países, com o Nobel de Literatura de 1998,adquiriu o reconhecimento mundial. Também ganhou o Prémio Camões, o mais importante prémio literário da língua portuguesa. Escritor, argumentista, jornalista, dramaturgo, contista, romancista, é, contudo, pouco conhecido como poeta.


Aprendamos, Amor 

Aprendamos, amor, com estes montes
Que, tão longe do mar, sabem o jeito
De banhar no azul dos horizontes.

Façamos o que é certo e de direito:
Dos desejos ocultos outras fontes
E desçamos ao mar do nosso leito.

José Saramago, in "Os Poemas Possíveis"

sábado, 19 de junho de 2010

Semana "LUÍS VAZ DE CAMÕES" (7)


Poeta português do século XVI que na esteira de outros épicos como Homero e Virgílio, alcançou projecção além-fronteiras com "Os Lusíadas" canto épico dos Descobrimentos, feito de projecção universal. O mesmo poema que, mal tratado por uma forma catastrófica de entender o ensino da língua portuguesa e a sua literatura, afastou as novas gerações da genialidade poética da sua obra. Para além de "Os Lusíadas", há também, com igual genialidade, a sua poesia lírica.

Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida, descontente,
Repousa lá no Céu eternamente
E viva eu cá na terra sempre triste.

Se lá no assento etéreo, onde subiste,
Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente
Que já nos olhos meus tão puro viste.

E se vires que pode merecer-te
Alguma cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te,

Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Semana "LUÍS VAZ DE CAMÕES" (6)


Poeta português do século XVI que na esteira de outros épicos como Homero e Virgílio, alcançou projecção além-fronteiras com "Os Lusíadas" canto épico dos Descobrimentos, feito de projecção universal. O mesmo poema que, mal tratado por uma forma catastrófica de entender o ensino da língua portuguesa e a sua literatura, afastou as novas gerações da genialidade poética da sua obra. Para além de "Os Lusíadas", há também, com igual genialidade, a sua poesia lírica.

Alegres campos, verdes arvoredos,
Claras e frescas águas de cristal,
Que em vós os debuxais ao natural,
Discorrendo da altura dos rochedos;

Silvestres montes, ásperos penedos,
Compostos em concerto desigual,
Sabei que, sem licença de meu mal,
Já não podeis fazer meus olhos ledos.

E, pois me já não vedes como vistes,
Não me alegrem verduras deleitosas,
Nem águas que correndo alegres vêm.

Semearei em vós lembranças tristes,
Regando-vos com lágrimas saudosas,
E nascerão saudades de meu bem.

 

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Semana "LUÍS VAZ DE CAMÕES" (5)


Poeta português do século XVI que na esteira de outros épicos como Homero e Virgílio, alcançou projecção além-fronteiras com "Os Lusíadas" canto épico dos Descobrimentos, feito de projecção universal. O mesmo poema que, mal tratado por uma forma catastrófica de entender o ensino da língua portuguesa e a sua literatura, afastou as novas gerações da genialidade poética da sua obra. Para além de "Os Lusíadas", há também, com igual genialidade, a sua poesia lírica.

Aqueles claros olhos que chorando
ficavam, quando deles me partia,
agora que farão? Quem mo diria?
Se porventura estarão em mim cuidando?

Se terão na memória, como ou quando
deles me vim tão longe de alegria?
Ou se estarão aquele alegre dia,
que torne a vê-los, na alma figurando?

Se contarão as horas e os momentos?
Se acharão num momento muitos anos?
Se falarão co as aves e cos ventos?

Oh! Bem-aventurados fingimentos
que, nesta ausência, tão doces enganos
sabeis fazer aos tristes pensamentos!

 

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Semana "LUÍS VAZ DE CAMÕES" (4)


Poeta português do século XVI que na esteira de outros épicos como Homero e Virgílio, alcançou projecção além-fronteiras com "Os Lusíadas" canto épico dos Descobrimentos, feito de projecção universal. O mesmo poema que, mal tratado por uma forma catastrófica de entender o ensino da língua portuguesa e a sua literatura, afastou as novas gerações da genialidade poética da sua obra. Para além de "Os Lusíadas", há também, com igual genialidade, a sua poesia lírica.

Aquela triste e leda madrugada,
Cheia toda de mágoa e de piedade,
Enquanto houver no mundo saudade,
Quero que seja sempre celebrada.

Ela só, quando amena e marchetada
Saía, dando ao mundo claridade,
Viu apartar-se duma outra vontade,
Que nunca poderá ver-se apartada.

Ela só viu as lágrimas em fio,
Que de uns e de outros olhos derivadas
Se acrescentaram em grande e largo rio.

Ela ouviu as palavras magoadas
Que puderam tornar o fogo frio
E dar descanso às almas condenadas.
 

terça-feira, 15 de junho de 2010

Semana "LUÍS VAZ DE CAMÕES" (3)


Poeta português do século XVI que na esteira de outros épicos como Homero e Virgílio, alcançou projecção além-fronteiras com "Os Lusíadas" canto épico dos Descobrimentos, feito de projecção universal. O mesmo poema que, mal tratado por uma forma catastrófica de entender o ensino da língua portuguesa e a sua literatura, afastou as novas gerações da genialidade poética da sua obra. Para além de "Os Lusíadas", há também, com igual genialidade, a sua poesia lírica.

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já foi coberto de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.

 

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Semana "LUÍS VAZ DE CAMÕES" (2)


Poeta português do século XVI que na esteira de outros épicos como Homero e Virgílio, alcançou projecção além-fronteiras com "Os Lusíadas" canto épico dos Descobrimentos, feito de projecção universal. O mesmo poema que, mal tratado por uma forma catastrófica de entender o ensino da língua portuguesa e a sua literatura, afastou as novas gerações da genialidade poética da sua obra. Para além de "Os Lusíadas", há também, com igual genialidade, a sua poesia lírica.

Transforma-se o amador na coisa amada,
Por virtude do muito imaginar;
Não tenho logo mais que desejar,
Pois em mim tenho a parte desejada.

Se nela está minha alma transformada,
Que mais deseja o corpo de alcançar?
Em si somente pode descansar,
Pois consigo tal alma está ligada.

Mas esta linda e pura semideia,
Que, como um acidente em seu sujeito,
Assim com a alma minha se conforma,

Está no pensamento como ideia;
O vivo e puro amor de que sou feito,
como a matéria simples busca a forma.
 


domingo, 13 de junho de 2010

Semana "LUÍS VAZ DE CAMÕES" (1)

Poeta português do século XVI que na esteira de outros épicos como Homero e Virgílio, alcançou projecção além-fronteiras com "Os Lusíadas" canto épico dos Descobrimentos, feito de projecção universal. O mesmo poema que, mal tratado por uma forma catastrófica de entender o ensino da língua portuguesa e a sua literatura, afastou as novas gerações da genialidade poética da sua obra. Para além de "Os Lusíadas", há também, com igual genialidade, a sua poesia lírica.

Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?

sábado, 12 de junho de 2010

Semana "José Maria Barbosa du Bocage" (VII)


Nascido em Setúbal às três horas da tarde de 15 de Setembro de 1765 , falecido em Lisboa na manhã de 21 de Dezembro de 1805, era filho do bacharel José Luís Soares de Barbosa, juiz de fora, ouvidor, e depois advogado, e de D. Mariana Joaquina Xavier l'Hedois Lustoff du Bocage, cujo pai era francês. A sua infância foi infeliz. O pai foi preso, quando ele tinha seis anos e permaneceu na cadeia seis anos. A sua mãe faleceu quando tinha dez anos. Assentou praça, foi admitido na Escola da Marinha Real, onde fez estudos regulares para guarda-marinha. Nessa altura, já a sua fama de poeta e versejador corria por Lisboa. Mas, dele o que ficou na memória popular, foi a vida de boémia desregrada a que se entregou e que deu origem a um vasto anedotário.
Andou embarcado como oficial de marinha para a Índia, na nau “Nossa Senhora da Vida, Santo António e Madalena”, que chegou ao Rio de Janeiro. Depois, seguiu-se a época da sua maior produção literária. Em 1790 foi convidado a aderir à Academia das Belas Letras ou Nova Arcádia, onde adoptou o pseudónimo Elmano Sadino. O Intendente da Polícia Pina Manique decidira pôr ordem na cidade, tendo em 7 de Agosto de 1797 dado ordem de prisão a Bocage por ser “desordenado nos costumes”. Foi preso no Limoeiro, tendo depois dado entrada no calabouço da Inquisição, no Rossio, onde ficou até 17 de Fevereiro de 1798. Durante este longo período de detenção, Bocage mudou o seu comportamento e começou a trabalhar seriamente como redactor e tradutor.


JÁ BOCAGE NÃO SOU!... 
 
Já Bocage não sou!... À cova escura
Meu estro vai parar desfeito em vento...
Eu aos céus ultrajei! O meu tormento
Leve me torne sempre a terra dura.
 
Conheço agora já quão vã figura
Em prosa e verso fez meu louco intento.
Musa!... Tivera algum merecimento,
Se um raio da razão seguisse, pura!
 
Eu me arrependo; a língua quase fria
Brade em alto pregão à mocidade,
Que atrás do som fantástico corria:
 
Outro Aretino fui... A santidade manchei! ... 
Oh! Se me creste, gente ímpia,
Rasga meus versos, crê na eternidade!
 

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Semana "José Maria Barbosa du Bocage" (VI)


Nascido em Setúbal às três horas da tarde de 15 de Setembro de 1765 , falecido em Lisboa na manhã de 21 de Dezembro de 1805, era filho do bacharel José Luís Soares de Barbosa, juiz de fora, ouvidor, e depois advogado, e de D. Mariana Joaquina Xavier l'Hedois Lustoff du Bocage, cujo pai era francês. A sua infância foi infeliz. O pai foi preso, quando ele tinha seis anos e permaneceu na cadeia seis anos. A sua mãe faleceu quando tinha dez anos. Assentou praça, foi admitido na Escola da Marinha Real, onde fez estudos regulares para guarda-marinha. Nessa altura, já a sua fama de poeta e versejador corria por Lisboa. Mas, dele o que ficou na memória popular, foi a vida de boémia desregrada a que se entregou e que deu origem a um vasto anedotário.
Andou embarcado como oficial de marinha para a Índia, na nau “Nossa Senhora da Vida, Santo António e Madalena”, que chegou ao Rio de Janeiro. Depois, seguiu-se a época da sua maior produção literária. Em 1790 foi convidado a aderir à Academia das Belas Letras ou Nova Arcádia, onde adoptou o pseudónimo Elmano Sadino. O Intendente da Polícia Pina Manique decidira pôr ordem na cidade, tendo em 7 de Agosto de 1797 dado ordem de prisão a Bocage por ser “desordenado nos costumes”. Foi preso no Limoeiro, tendo depois dado entrada no calabouço da Inquisição, no Rossio, onde ficou até 17 de Fevereiro de 1798. Durante este longo período de detenção, Bocage mudou o seu comportamento e começou a trabalhar seriamente como redactor e tradutor. 

«Toldam-se os ares,
Murcham-se as flores;
Morrei, Amores,
Que Inês morreu.
«Mísero esposo,
Desata o pranto,
Que o teu encanto
Já não é teu.
«Sua alma pura
Nos Céus se encerra;
Triste da Terra,
Porque a perdeu.
«Contra a cruenta
Raiva íerina,
Face divina
Não lhe valeu.
«Tem roto o seio
Tesoiro oculto,
Bárbaro insulto
Se lhe atreveu.
«De dor e espanto
No carro de oiro
O Númen loiro
Desfaleceu.
«Aves sinistras
Aqui piaram
Lobos uivaram,
O chão tremeu.
«Toldam-se os ares,
Murcham-se as flores:
Morrei, Amores,
Que Inês morreu.»
 

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Semana "José Maria Barbosa du Bocage" (V)


Nascido em Setúbal às três horas da tarde de 15 de Setembro de 1765 , falecido em Lisboa na manhã de 21 de Dezembro de 1805, era filho do bacharel José Luís Soares de Barbosa, juiz de fora, ouvidor, e depois advogado, e de D. Mariana Joaquina Xavier l'Hedois Lustoff du Bocage, cujo pai era francês. A sua infância foi infeliz. O pai foi preso, quando ele tinha seis anos e permaneceu na cadeia seis anos. A sua mãe faleceu quando tinha dez anos. Assentou praça, foi admitido na Escola da Marinha Real, onde fez estudos regulares para guarda-marinha. Nessa altura, já a sua fama de poeta e versejador corria por Lisboa. Mas, dele o que ficou na memória popular, foi a vida de boémia desregrada a que se entregou e que deu origem a um vasto anedotário.
Andou embarcado como oficial de marinha para a Índia, na nau “Nossa Senhora da Vida, Santo António e Madalena”, que chegou ao Rio de Janeiro. Depois, seguiu-se a época da sua maior produção literária. Em 1790 foi convidado a aderir à Academia das Belas Letras ou Nova Arcádia, onde adoptou o pseudónimo Elmano Sadino. O Intendente da Polícia Pina Manique decidira pôr ordem na cidade, tendo em 7 de Agosto de 1797 dado ordem de prisão a Bocage por ser “desordenado nos costumes”. Foi preso no Limoeiro, tendo depois dado entrada no calabouço da Inquisição, no Rossio, onde ficou até 17 de Fevereiro de 1798. Durante este longo período de detenção, Bocage mudou o seu comportamento e começou a trabalhar seriamente como redactor e tradutor.
 
DESEJO AMANTE
 
Elmano, de teus mimos anelante,
Elmano em te admirar, meu bem, não erra;
Incomparáveis dons tua alma encerra,
Ornam mil perfeições o teu semblante:
 
Granjeias sem vontade a cada instante
Claros triunfos na amorosa guerra:
Tesouro que do Céu vieste à Terra,
Não precisas dos olhos de um amante.
 
Oh!, se eu pudesse, Amor, oh!, se eu pudesse
Cumprir meu gosto! Se em altar sublime
Os incensos de Jove a Lília desse!
 
Folgara o coração quanto se oprime;
E a Razão, que os excessos aborrece,
Notando a causa, revelara o crime.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Semana "José Maria Barbosa du Bocage" (IV)


Nascido em Setúbal às três horas da tarde de 15 de Setembro de 1765 , falecido em Lisboa na manhã de 21 de Dezembro de 1805, era filho do bacharel José Luís Soares de Barbosa, juiz de fora, ouvidor, e depois advogado, e de D. Mariana Joaquina Xavier l'Hedois Lustoff du Bocage, cujo pai era francês. A sua infância foi infeliz. O pai foi preso, quando ele tinha seis anos e permaneceu na cadeia seis anos. A sua mãe faleceu quando tinha dez anos. Assentou praça, foi admitido na Escola da Marinha Real, onde fez estudos regulares para guarda-marinha. Nessa altura, já a sua fama de poeta e versejador corria por Lisboa. Mas, dele o que ficou na memória popular, foi a vida de boémia desregrada a que se entregou e que deu origem a um vasto anedotário.
Andou embarcado como oficial de marinha para a Índia, na nau “Nossa Senhora da Vida, Santo António e Madalena”, que chegou ao Rio de Janeiro. Depois, seguiu-se a época da sua maior produção literária. Em 1790 foi convidado a aderir à Academia das Belas Letras ou Nova Arcádia, onde adoptou o pseudónimo Elmano Sadino. O Intendente da Polícia Pina Manique decidira pôr ordem na cidade, tendo em 7 de Agosto de 1797 dado ordem de prisão a Bocage por ser “desordenado nos costumes”. Foi preso no Limoeiro, tendo depois dado entrada no calabouço da Inquisição, no Rossio, onde ficou até 17 de Fevereiro de 1798. Durante este longo período de detenção, Bocage mudou o seu comportamento e começou a trabalhar seriamente como redactor e tradutor.
 
INVOCAÇÃO À NOITE
 
Ó deusa, que proteges dos amantes
O destro furto, o crime deleitoso,
Abafa com teu manto pavoroso
Os importantes astros vigilantes:
 
Quero adoçar meus lábios anelantes
No seio de Ritália melindroso;
Estorva que os maus olhos do invejoso
Turbem d'amor os sôfregos instantes:
 
Tétis formosa, tal encanto inspire
Ao namorado Sol teu níveo rosto,
Que nunca de teus braços se retire!
 
Tarda ao menos o carro à Noite oposto,
Até que eu desfaleça, até que expire
Nas ternas ânsias, no inefável gosto.
 

terça-feira, 8 de junho de 2010

Semana "José Maria Barbosa du Bocage" (III)


Nascido em Setúbal às três horas da tarde de 15 de Setembro de 1765 , falecido em Lisboa na manhã de 21 de Dezembro de 1805, era filho do bacharel José Luís Soares de Barbosa, juiz de fora, ouvidor, e depois advogado, e de D. Mariana Joaquina Xavier l'Hedois Lustoff du Bocage, cujo pai era francês. A sua infância foi infeliz. O pai foi preso, quando ele tinha seis anos e permaneceu na cadeia seis anos. A sua mãe faleceu quando tinha dez anos. Assentou praça, foi admitido na Escola da Marinha Real, onde fez estudos regulares para guarda-marinha. Nessa altura, já a sua fama de poeta e versejador corria por Lisboa. Mas, dele o que ficou na memória popular, foi a vida de boémia desregrada a que se entregou e que deu origem a um vasto anedotário.
Andou embarcado como oficial de marinha para a Índia, na nau “Nossa Senhora da Vida, Santo António e Madalena”, que chegou ao Rio de Janeiro. Depois, seguiu-se a época da sua maior produção literária. Em 1790 foi convidado a aderir à Academia das Belas Letras ou Nova Arcádia, onde adoptou o pseudónimo Elmano Sadino. O Intendente da Polícia Pina Manique decidira pôr ordem na cidade, tendo em 7 de Agosto de 1797 dado ordem de prisão a Bocage por ser “desordenado nos costumes”. Foi preso no Limoeiro, tendo depois dado entrada no calabouço da Inquisição, no Rossio, onde ficou até 17 de Fevereiro de 1798. Durante este longo período de detenção, Bocage mudou o seu comportamento e começou a trabalhar seriamente como redactor e tradutor.
 
EM LOUVOR DO GRANDE CAMÕES
 
Sobre os contrários o terror e a morte
Dardeje embora Aquiles denodado,
Ou no rápido carro ensanguentado
Leve arrastos sem vida o Teuco forte:
 
Embora o bravo Macedónio corte
Co’a fulminante espada o nó fadado,
Que eu de mais nobre estímulo tocado,
Nem lhe amo a glória, nem lhe invejo a sorte:
 
Invejo-te, Camões, o nome honroso;
Da mente criadora o sacro lume,
Que exprime as fúrias de Lieu raivoso:
 
Os ais de Inês, de Vénus o queixume,
As pragas do gigante proceloso,
O céu de Amor, o inferno do Ciúme.
 
 

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Semana "José Maria Barbosa du Bocage" (II)


Nascido em Setúbal às três horas da tarde de 15 de Setembro de 1765 , falecido em Lisboa na manhã de 21 de Dezembro de 1805, era filho do bacharel José Luís Soares de Barbosa, juiz de fora, ouvidor, e depois advogado, e de D. Mariana Joaquina Xavier l'Hedois Lustoff du Bocage, cujo pai era francês. A sua infância foi infeliz. O pai foi preso, quando ele tinha seis anos e permaneceu na cadeia seis anos. A sua mãe faleceu quando tinha dez anos. Assentou praça, foi admitido na Escola da Marinha Real, onde fez estudos regulares para guarda-marinha. Nessa altura, já a sua fama de poeta e versejador corria por Lisboa. Mas, dele o que ficou na memória popular, foi a vida de boémia desregrada a que se entregou e que deu origem a um vasto anedotário.
Andou embarcado como oficial de marinha para a Índia, na nau “Nossa Senhora da Vida, Santo António e Madalena”, que chegou ao Rio de Janeiro. Depois, seguiu-se a época da sua maior produção literária. Em 1790 foi convidado a aderir à Academia das Belas Letras ou Nova Arcádia, onde adoptou o pseudónimo Elmano Sadino. O Intendente da Polícia Pina Manique decidira pôr ordem na cidade, tendo em 7 de Agosto de 1797 dado ordem de prisão a Bocage por ser “desordenado nos costumes”. Foi preso no Limoeiro, tendo depois dado entrada no calabouço da Inquisição, no Rossio, onde ficou até 17 de Fevereiro de 1798. Durante este longo período de detenção, Bocage mudou o seu comportamento e começou a trabalhar seriamente como redactor e tradutor.
Ó TU, CONSOLADOR DOS MALFADADOS
 
Ó tu, consolador dos malfadados,
Ó tu, benigno dom da mão divina,
Das mágoas saborosa medicina,
Tranquilo esquecimento dos cuidados:
 
Aos olhos meus, de prantear cansados,
Cansados de velar, teu voo inclina;
E vós, sonhos d'amor, trazei-me Alcina,
Dai-me a doce visão de seus agrados:
 
Filha das trevas, frouxa sonolência,
Dos gostos entre o férvido transporte
Quanto me foi suave a tua ausência!
 
Ah!, findou para mim tão leda sorte;
Agora é só feliz minha existência
No mudo estado, que arremeda a morte.
 

domingo, 6 de junho de 2010

Semana "José Maria Barbosa du Bocage" (I)


Nascido em Setúbal às três horas da tarde de 15 de Setembro de 1765 , falecido em Lisboa na manhã de 21 de Dezembro de 1805, era filho do bacharel José Luís Soares de Barbosa, juiz de fora, ouvidor, e depois advogado, e de D. Mariana Joaquina Xavier l'Hedois Lustoff du Bocage, cujo pai era francês. A sua infância foi infeliz. O pai foi preso, quando ele tinha seis anos e permaneceu na cadeia seis anos. A sua mãe faleceu quando tinha dez anos. Assentou praça, foi admitido na Escola da Marinha Real, onde fez estudos regulares para guarda-marinha. Nessa altura, já a sua fama de poeta e versejador corria por Lisboa. Mas, dele o que ficou na memória popular, foi a vida de boémia desregrada a que se entregou e que deu origem a um vasto anedotário.
Andou embarcado como oficial de marinha para a Índia, na nau “Nossa Senhora da Vida, Santo António e Madalena”, que chegou ao Rio de Janeiro. Depois, seguiu-se a época da sua maior produção literária. Em 1790 foi convidado a aderir à Academia das Belas Letras ou Nova Arcádia, onde adoptou o pseudónimo Elmano Sadino. O Intendente da Polícia Pina Manique decidira pôr ordem na cidade, tendo em 7 de Agosto de 1797 dado ordem de prisão a Bocage por ser “desordenado nos costumes”. Foi preso no Limoeiro, tendo depois dado entrada no calabouço da Inquisição, no Rossio, onde ficou até 17 de Fevereiro de 1798. Durante este longo período de detenção, Bocage mudou o seu comportamento e começou a trabalhar seriamente como redactor e tradutor. 
O SUSPIRO
 
Voai, brandos meninos tentadores,
Filhos de Vénus, deuses da ternura,
Adoçai-me a saudade amarga e dura,
Levai-me este suspiro aos meus amores:
 
Dizei-lhe que nasceu dos dissabores
Que influi nos corações a formosura;
Dizei-lhe que é penhor da fé mais pura,
Porção do mais leal dos amadores:
 
Se o fado para mim sempre mesquinho,
A outro of'erece o bem de que me afasta,
E em ais lhe envia Ulina o seu carinho:
 
Quando um deles soltar na esfera vasta,
Trazei-o a mim, torcendo-lhe o caminho;
Eu sou tão infeliz, que isso me basta.

sábado, 5 de junho de 2010

Semana "PABLO NERUDA ( VII )


Pablo Neruda nasceu em 14 de Julho de 1904, tendo sido registado como Ricardo Eliécer Neftalí Reyes Basoalto. Era filho de um operário ferroviário, e de uma professora primária que morreu quando o filho tinha apenas um mês de vida. Ainda adolescente adoptou o pseudónimo de Pablo Neruda devido à sua admiração pelo escritor checo Jan Neruda. O pseudónimo tornou-se seu nome legal, após modificação do nome civil. Publicou os seus primeiros versos com apenas treze anos. Em 1921 radicou-se em Santiago do Chile, onde estudou pedagogia. Publicou então os seus primeiros livro se poesia e obteve os primeiros prémios como poeta. Em 1927 começou sua longa carreira como diplomata que o levou a muitas partes do mundo. Estava em Espanha quando, em 1936, rebentou a Guerra Civil. Neruda escreveu “Espanha no coração” e foi destituído do cargo consular que ocupava. Em 1945 foi eleito senador e foi distinguido com o Prémio Nacional de Literatura. Em 1950 publicou “Canto Geral”, em que sua poesia adoptou a acentuação social, ética e política que tanto a caracterizou. Em 1994 no filme “O Carteiro de Pablo Neruda” foi contada a sua história na Isla Negra, no Chile, com sua terceira mulher Matilde. Nesta obra de ficção, a acção foi transposta para a Itália, onde Neruda se teria exilado. Lá, numa ilha, torna-se amigo de um carteiro que lhe pedia que o ensinasse a escrever versos, para poder conquistar uma bonita moça do povoado.
Nos anos setenta foi apresentado como candidato à Presidência da República. Desistiu para que Allende pudesse vencer, pois ambos acreditavam que, com o socialismo, pudesse existir uma situação mais próspera e mais justa no Chile.

Gosto quando te calas 

Gosto quando te calas porque estás como ausente,
e me ouves de longe, minha voz não te toca.
Parece que os olhos tivessem de ti voado
e parece que um beijo te fechara a boca.
Como todas as coisas estão cheias da minha alma
emerge das coisas, cheia da minha alma.
Borboleta de sonho, pareces com minha alma,
e te pareces com a palavra melancolia.
Gosto de ti quando calas e estás como distante.
E estás como que te queixando, borboleta em arrulho.
E me ouves de longe, e a minha voz não te alcança:
Deixa-me que me cale com o silêncio teu.
Deixa-me que te fale também com o teu silêncio
claro como uma lâmpada, simples como um anel.
És como a noite, calada e constelada.
Teu silêncio é de estrela, tão longinqüo e singelo.
Gosto de ti quando calas porque estás como ausente.
Distante e dolorosa como se tivesses morrido.
Uma palavra então, um sorriso bastam.
E eu estou alegre, alegre de que não seja verdade.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Semana "PABLO NERUDA ( VI )


Pablo Neruda nasceu em 14 de Julho de 1904, tendo sido registado como Ricardo Eliécer Neftalí Reyes Basoalto. Era filho de um operário ferroviário, e de uma professora primária que morreu quando o filho tinha apenas um mês de vida. Ainda adolescente adoptou o pseudónimo de Pablo Neruda devido à sua admiração pelo escritor checo Jan Neruda. O pseudónimo tornou-se seu nome legal, após modificação do nome civil. Publicou os seus primeiros versos com apenas treze anos. Em 1921 radicou-se em Santiago do Chile, onde estudou pedagogia. Publicou então os seus primeiros livro se poesia e obteve os primeiros prémios como poeta. Em 1927 começou sua longa carreira como diplomata que o levou a muitas partes do mundo. Estava em Espanha quando, em 1936, rebentou a Guerra Civil. Neruda escreveu “Espanha no coração” e foi destituído do cargo consular que ocupava. Em 1945 foi eleito senador e foi distinguido com o Prémio Nacional de Literatura. Em 1950 publicou “Canto Geral”, em que sua poesia adoptou a acentuação social, ética e política que tanto a caracterizou. Em 1994 no filme “O Carteiro de Pablo Neruda” foi contada a sua história na Isla Negra, no Chile, com sua terceira mulher Matilde. Nesta obra de ficção, a acção foi transposta para a Itália, onde Neruda se teria exilado. Lá, numa ilha, torna-se amigo de um carteiro que lhe pedia que o ensinasse a escrever versos, para poder conquistar uma bonita moça do povoado.
Nos anos setenta foi apresentado como candidato à Presidência da República. Desistiu para que Allende pudesse vencer, pois ambos acreditavam que, com o socialismo, pudesse existir uma situação mais próspera e mais justa no Chile.
Talvez
Talvez não ser,
é ser sem que tu sejas,
sem que vás cortando
o meio-dia com uma
flor azul,
sem que caminhes mais tarde
pela névoa e pelos tijolos,
sem essa luz que levas na mão
que, talvez, outros não verão dourada,
que talvez ninguém
soube que crescia
como a origem vermelha da rosa,
sem que sejas, enfim,
sem que viesses brusca, incitante
conhecer a minha vida,
rajada de roseira,
trigo do vento,
E desde então, sou porque tu és
E desde então és
sou e somos...
E por amor
Serei... Serás...Seremos...

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Semana "PABLO NERUDA ( V )


 Pablo Neruda nasceu em 14 de Julho de 1904, tendo sido registado como Ricardo Eliécer Neftalí Reyes Basoalto. Era filho de um operário ferroviário, e de uma professora primária que morreu quando o filho tinha apenas um mês de vida. Ainda adolescente adoptou o pseudónimo de Pablo Neruda devido à sua admiração pelo escritor checo Jan Neruda. O pseudónimo tornou-se seu nome legal, após modificação do nome civil. Publicou os seus primeiros versos com apenas treze anos. Em 1921 radicou-se em Santiago do Chile, onde estudou pedagogia. Publicou então os seus primeiros livro se poesia e obteve os primeiros prémios como poeta. Em 1927 começou sua longa carreira como diplomata que o levou a muitas partes do mundo. Estava em Espanha quando, em 1936, rebentou a Guerra Civil. Neruda escreveu “Espanha no coração” e foi destituído do cargo consular que ocupava. Em 1945 foi eleito senador e foi distinguido com o Prémio Nacional de Literatura. Em 1950 publicou “Canto Geral”, em que sua poesia adoptou a acentuação social, ética e política que tanto a caracterizou. Em 1994 no filme “O Carteiro de Pablo Neruda” foi contada a sua história na Isla Negra, no Chile, com sua terceira mulher Matilde. Nesta obra de ficção, a acção foi transposta para a Itália, onde Neruda se teria exilado. Lá, numa ilha, torna-se amigo de um carteiro que lhe pedia que o ensinasse a escrever versos, para poder conquistar uma bonita moça do povoado.
Nos anos setenta foi apresentado como candidato à Presidência da República. Desistiu para que Allende pudesse vencer, pois ambos acreditavam que, com o socialismo, pudesse existir uma situação mais próspera e mais justa no Chile.

Vês estas mãos?
Mediram a terra, separaram os minerais e os cereais,
fizeram a paz e a guerra, derrubaram as distâncias
de todos os mares e rios,
e, no entanto, quando te percorrem a ti,
pequena, grão de trigo, andorinha,
não chegam para abarcar-te,
esforçadas alcançam as palomas gémeas
que repousam ou voam no teu peito,
percorrem as distâncias de tuas pernas,
enrolam-se na luz de tua cintura.
Para mim és tesouro mais intenso de imensidão
que o mar e sua ondulação
e és branca, és azul e extensa como a terra na vindima.
Nesse território, de teus pés à tua fronte,
andando, andando, andando, eu passarei a vida.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Semana "PABLO NERUDA ( IV )


 Pablo Neruda nasceu em 14 de Julho de 1904, tendo sido registado como Ricardo Eliécer Neftalí Reyes Basoalto. Era filho de um operário ferroviário, e de uma professora primária que morreu quando o filho tinha apenas um mês de vida. Ainda adolescente adoptou o pseudónimo de Pablo Neruda devido à sua admiração pelo escritor checo Jan Neruda. O pseudónimo tornou-se seu nome legal, após modificação do nome civil. Publicou os seus primeiros versos com apenas treze anos. Em 1921 radicou-se em Santiago do Chile, onde estudou pedagogia. Publicou então os seus primeiros livro se poesia e obteve os primeiros prémios como poeta. Em 1927 começou sua longa carreira como diplomata que o levou a muitas partes do mundo. Estava em Espanha quando, em 1936, rebentou a Guerra Civil. Neruda escreveu “Espanha no coração” e foi destituído do cargo consular que ocupava. Em 1945 foi eleito senador e foi distinguido com o Prémio Nacional de Literatura. Em 1950 publicou “Canto Geral”, em que sua poesia adoptou a acentuação social, ética e política que tanto a caracterizou. Em 1994 no filme “O Carteiro de Pablo Neruda” foi contada a sua história na Isla Negra, no Chile, com sua terceira mulher Matilde. Nesta obra de ficção, a acção foi transposta para a Itália, onde Neruda se teria exilado. Lá, numa ilha, torna-se amigo de um carteiro que lhe pedia que o ensinasse a escrever versos, para poder conquistar uma bonita moça do povoado.
Nos anos setenta foi apresentado como candidato à Presidência da República. Desistiu para que Allende pudesse vencer, pois ambos acreditavam que, com o socialismo, pudesse existir uma situação mais próspera e mais justa no Chile.

Tu eras também uma pequena folha
que tremia no meu peito.
O vento da vida pôs-te ali.
A princípio não te vi: não soube
que ias comigo,
até que as tuas raízes
atravessaram o meu peito,
se uniram aos fios do meu sangue,
falaram pela minha boca,
floresceram comigo.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Semana "PABLO NERUDA" ( III)


 Pablo Neruda nasceu em 14 de Julho de 1904, tendo sido registado como Ricardo Eliécer Neftalí Reyes Basoalto. Era filho de um operário ferroviário, e de uma professora primária que morreu quando o filho tinha apenas um mês de vida. Ainda adolescente adoptou o pseudónimo de Pablo Neruda devido à sua admiração pelo escritor checo Jan Neruda. O pseudónimo tornou-se seu nome legal, após modificação do nome civil. Publicou os seus primeiros versos com apenas treze anos. Em 1921 radicou-se em Santiago do Chile, onde estudou pedagogia. Publicou então os seus primeiros livro se poesia e obteve os primeiros prémios como poeta. Em 1927 começou sua longa carreira como diplomata que o levou a muitas partes do mundo. Estava em Espanha quando, em 1936, rebentou a Guerra Civil. Neruda escreveu “Espanha no coração” e foi destituído do cargo consular que ocupava. Em 1945 foi eleito senador e foi distinguido com o Prémio Nacional de Literatura. Em 1950 publicou “Canto Geral”, em que sua poesia adoptou a acentuação social, ética e política que tanto a caracterizou. Em 1994 no filme “O Carteiro de Pablo Neruda” foi contada a sua história na Isla Negra, no Chile, com sua terceira mulher Matilde. Nesta obra de ficção, a acção foi transposta para a Itália, onde Neruda se teria exilado. Lá, numa ilha, torna-se amigo de um carteiro que lhe pedia que o ensinasse a escrever versos, para poder conquistar uma bonita moça do povoado.
Nos anos setenta foi apresentado como candidato à Presidência da República. Desistiu para que Allende pudesse vencer, pois ambos acreditavam que, com o socialismo, pudesse existir uma situação mais próspera e mais justa no Chile.

Não te quero senão porque te quero,
e de querer-te a não te querer chego,
e de esperar-te quando não te espero,
passa o meu coração do frio ao fogo.
Quero-te só porque a ti te quero.
Odeio-te sem fim e odiando te rogo,
e a medida do meu amor viajante,
é não te ver e amar-te,
como um cego.
Tal vez consumirá a luz de Janeiro,
seu raio cruel meu coração inteiro,
roubando-me a chave do sossego,
nesta história só eu me morro,
e morrerei de amor porque te quero,
porque te quero amor,
a sangue e fogo.