quarta-feira, 23 de junho de 2010

Semana "SARAMAGO" (IV)


José Saramago nasceu na Azinhaga, Golegã, em 16 de Novembro de 1922 e morreu na ilha de Lanzarote em 18 de Junho de 2010.
Uma infância pobre moldou-lhe o carácter e definiu-lhe as opções estruturantes da sua personalidade. A educação académica foi tardia e conjugada com a sua inicial condição de operário. Manteve a sua militância no Partido Comunista Português, até ao fim da sua vida. Mas sem nunca abdicar da sua atitude livre e crítica em todos os posicionamentos que assumiu e em todas as opiniões que expressou.
Traduzido em muitos idiomas e  lido em muitos países, com o Nobel de Literatura de 1998., adquiriu o reconhecimento mundial Também ganhou o Prémio Camões, o mais importante prémio literário da língua portuguesa. Escritor, argumentista, jornalista, dramaturgo, contista, romancista, é, contudo, pouco conhecido como poeta.

Não me Peçam Razões...

Não me peçam razões, que não as tenho,
Ou darei quantas queiram: bem sabemos
Que razões são palavras, todas nascem
Da mansa hipocrisia que aprendemos.

Não me peçam razões por que se entenda
A força de maré que me enche o peito,
Este estar mal no mundo e nesta lei:
Não fiz a lei e o mundo não aceito.

Não me peçam razões, ou que as desculpe,
Deste modo de amar e destruir:
Quando a noite é de mais é que amanhece
A cor de primavera que há-de vir.

José Saramago, in "Os Poemas Possíveis"

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