quinta-feira, 4 de março de 2010

Semana "MÁRIO SÁ-CARNEIRO" ( IV )


Mário de Sá-Carneiro, nasceu em Lisboa a 26 de Maio de 1890.
A Mãe morreu quando ele tinha apenas dois anos e, dois anos depois, quando ele tinha apenas quatro anos de idade, o pai iniciou uma vida de sucessivas viagens, deixando-o com os avós na Quinta da Vitória, em Camarate. Aos nove anos morreu a avó. No ano seguinte, começou a frequentar o Liceu do Carmo, tendo sido transferido em 1909 para o Liceu Camões. Começou a escrever poesia no tempo em que era aluno liceal. Entretanto, com o pai que regressara dos Estados Unidos, viajou até Paris, Suíça e Itália. Em 1911, entrou no curso de Direito da Universidade de Coimbra mas nem chegou a terminar o primeiro ano. Por essa altura terá iniciado a sua amizade com Fernando Pessoa. Seguiu depois para Paris, para estudar Direito na Sorbonne. Mas dedicou-se à vida boémia e ao convívio com os meios intelectuais e artísticos de Paris. Numa passagem por Lisboa, com Fernando Pessoa e outros amigos, fundou a revista “Orpheu” cujo primeiro número saiu em Abril de 1915. Logo depois regressou a Paris, onde se suicidou com vários frascos de estricnina em 26 de Abril de 1916. O sentido trágico da existência, a perda de uma grandeza quimérica perdida mas que sentira ao seu alcance e o drama da solidão, são os temas que atravessam a sua obra. 

EL-REI

Quando chego - o piano estala agoiro,
E medem-se os convivas logo, inquietos –
Alargam-se as paredes, sobem tectos -
Paira um luxo de Adaga em mão de Moiro.
 
Meu intento, porém, é todo loiro
E a cor-de-rosa, insinuando afectos.
Mas ninguém se me expande... Os meus dilectos
Frenesis ninguém brilha! Excesso de Oiro.
 
Meu Dislate a conventos longos orça.
P’ra correr minha Zoina, aquém e além,
Só mística, de alada, esguia corça...
 
- Quem me convida mesmo não faz bem:
Intruso ainda – quando, à viva força,
A sua casa me levasse alguém.
 

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