Palavras que disseste e já não dizes,
palavras como um sol que me queimava,
olhos loucos de um vento que soprava
em olhos que eram meus, e mais felizes.
Palavras que disseste e que diziam
segredos que eram lentas madrugadas,
promessas imperfeitas, murmuradas
enquanto os nossos beijos permitiam.
Palavras que dizias, sem sentido,
sem as quereres, mas só porque eram elas
que traziam a calma das estrelas
à noite que assomava ao meu ouvido...
Palavras que não dizes, nem são tuas,
que morreram, que em ti já não existem
— que são minhas, só minhas, pois persistem
na memória que arrasto pelas ruas.
Pedro Tamen, in “Tábua das Matérias”
Pedro Tamen nasceu em Lisboa, em 1934. Estudou Direito na Universidade de Lisboa. Foi director da Editora Moraes e depois, administrador da Fundação Calouste Gulbenkian. Foi também dirigente cine-clubista, professor do ensino secundário e director-adjunto de uma revista de actualidades. Fez crítica literária no semanário Expresso. Foi presidente do P.E.N. Clube Português . Foi membro da Direcção e presidente da Assembleia Geral da Associação Portuguesa de Escritores. Tem poemas traduzidos e publicados em francês, inglês, espanhol, italiano, alemão, neerlandês, sueco, húngaro, romeno, checo, eslovaco, búlgaro e letão.
Desenvolveu uma intensa actividade de tradutor literário. Obteve em 1990 o Grande Prémio da Tradução. Traduziu recentemente À la Recherche du temps perdu, de Marcel Proust.
A sua obra poética, iniciada em 1956 com Poema para Todos os Dias, encontra-se reunida em Retábulo das Matérias (Gótica, Lisboa, 2001). Posteriormente, em 2006, publicou um novo livro Analogia e Dedos e, em 2010, O Livro do Sapateiro. Foi muito premiado como poeta.
Desenvolveu uma intensa actividade de tradutor literário. Obteve em 1990 o Grande Prémio da Tradução. Traduziu recentemente À la Recherche du temps perdu, de Marcel Proust.
A sua obra poética, iniciada em 1956 com Poema para Todos os Dias, encontra-se reunida em Retábulo das Matérias (Gótica, Lisboa, 2001). Posteriormente, em 2006, publicou um novo livro Analogia e Dedos e, em 2010, O Livro do Sapateiro. Foi muito premiado como poeta.
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