1. Praia presa... Praia presa, adiantada no mar, no longe, no círculo de coral que o mar represa. Praia futura invocada. Timor ressurge das águas, praia futura invocada.
2. De monte a monta... De monte a monta, o meu grito soa, soa, como voz de um eco do infinito ecoando em todos nós. Timor cresce como um grito ecoando em todos nós.
3. Perdi meu pai... Perdi meu pai, minha mãe. Estou só, ninguém me escuta, senão quando querem dar os restos que ninguém quer. Pobre de pobre, só tenho os restos que ninguém quer.
4. Entrei pelo mar... Entrei pelo mar mulher açudado, a colher algas Esqueci-me do meu mister embalado pelas ondas. O mar homem não se esquece embalado pelas ondas.
5. Agarrei no ar... Agarrei no ar um véu esmaecido de azul, igual ao azul do céu iluminado pela lua. Eu passo a vida a sonhar iluminado pela lua.
Ruy Cinatti nasceu em Londres, em 1915 e faleceu em 1986.
Em criança veio para Lisboa onde se formou em Agronomia. Foi meteorologista, secretário do governador de Timor, onde viveu durante alguns anos após a II Guerra Mundial, e chefe dos Serviços Agronómicos de Timor e investigador da Junta de Investigação do Ultramar. Estudou na Universidade de Oxford onde se doutorou, em 1961, em Antropologia Social e Etnografia.
Foi co-fundador em 1940 de "Os Cadernos de Poesia" e em 1942 da revista "Aventura". Recebeu o Prémio Antero de Quental em 1958, pela obra "O Livro do Nómada Meu Amigo", o Prémio Nacional de Poesia, em 1968, pela obra "Sete Septetos" e o Prémio Camilo Pessanha, em 1971,com "Uma Sequência Timorense".
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