domingo, 30 de maio de 2010

Semana "PABLO NERUDA ( I )


 Pablo Neruda nasceu em 14 de Julho de 1904, tendo sido registado como Ricardo Eliécer Neftalí Reyes Basoalto. Era filho de um operário ferroviário, e de uma professora primária que morreu quando o filho tinha apenas um mês de vida. Ainda adolescente adoptou o pseudónimo de Pablo Neruda devido à sua admiração pelo escritor checo Jan Neruda. O pseudónimo tornou-se seu nome legal, após modificação do nome civil. Publicou os seus primeiros versos com apenas treze anos. Em 1921 radicou-se em Santiago do Chile, onde estudou pedagogia. Publicou então os seus primeiros livro se poesia e obteve os primeiros prémios como poeta. Em 1927 começou sua longa carreira como diplomata que o levou a muitas partes do mundo. Estava em Espanha quando, em 1936, rebentou a Guerra Civil. Neruda escreveu “Espanha no coração” e foi destituído do cargo consular que ocupava. Em 1945 foi eleito senador e foi distinguido com o Prémio Nacional de Literatura. Em 1950 publicou “Canto Geral”, em que sua poesia adoptou a acentuação social, ética e política que tanto a caracterizou. Em 1994 no filme “O Carteiro de Pablo Neruda”  foi contada a sua história na Isla Negra, no Chile, com sua terceira mulher Matilde. Nesta obra de ficção, a acção foi transposta para a Itália, onde Neruda se teria exilado. Lá, numa ilha, torna-se amigo de um carteiro que lhe pedia que o ensinasse a escrever versos, para poder conquistar uma bonita moça do povoado.
Nos anos setenta foi apresentado como candidato à Presidência da República. Desistiu para que Allende pudesse vencer, pois ambos acreditavam que, com o socialismo, pudesse existir uma situação mais próspera e mais justa no Chile.


A Noite na Ilha
Dormi contigo a noite inteira junto do mar, na ilha.
Selvagem e doce eras entre o prazer e o sono,
entre o fogo e a água.
Talvez bem tarde nossos
sonos se uniram na altura e no fundo,
em cima como ramos que um mesmo vento move,
em baixo como raízes vermelhas que se tocam.
Talvez teu sono se separou do meu e pelo mar escuro
me procurava como antes, quando nem existias,
quando sem te enxergar naveguei a teu lado
e teus olhos buscavam o que agora - pão,
vinho, amor e cólera - te dou, cheias as mãos,
porque tu és a taça que só esperava
os dons da minha vida.
Dormi junto contigo a noite inteira,
enquanto a escura terra gira com vivos e com mortos,
de repente desperto e no meio da sombra meu braço
rodeava tua cintura.
Nem a noite nem o sonho puderam separar-nos.
Dormi contigo, amor, despertei, e tua boca
saída de teu sono me deu o sabor da terra,
de água marinha, de algas, de tua íntima vida,
e recebi teu beijo molhado pela aurora
como se me chegasse do mar que nos rodeia.






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