sábado, 9 de fevereiro de 2013

Caia a grande neblina

Sob a grande neblina
livre e monge
mil e quinhentas donzelas
protegem o meu pulso mineral e morto.

Procuro no meu sangue. Encontro? Encontro, meu amor, encontro?
Alto mar
as imagens acordam uma surpresa.
Braço no braço uma meiguice sagra-me pajem das tuas mãos.

Dormem. Deixá-lo! Mas já a minha voz acorda os esponsais.

Brilha que brilha medito:
melhor se me afigura a noite sem termo.

Levanto o teu retrato ao plano dos meus olhos
- assim cheguei
porque suceda em breve agitado e nervoso o meu corpo
e ainda verás nele claro espelho do teu esplendor.



Fernando Alves dos Santos
in A Única Real Tradição Viva 
Antologia da Poesia Surrealista Portuguesa
de Perfecto E. Cuadrado
Assírio & Alvim
1998

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