como com a só presença com que me perdoas
esta fidelidade ao meu destino.
Quanto assim não digas é por mim
que o dizes. E os destinos vivem-se
como outra vida. Ou como solidão.
E quem lá entra? E quem lá pode estar
mais do que um momento de estar só consigo?
Diz-me assim devagar coisa menhuma:
o que à morte se diria, se ela ouvisse,
ou se diria aos mortos, se voltassem.
Jorge de Sena (1919-1978)- Nasceu na cidade de Lisboa, licenciou-se em engenharia na cidade do Porto. Exilou-se no Brasil, onde leccionou literatura e adquiriu a nacionalidade brasileira. Depois mudou para os Estados Unidos, onde leccionou Literatura Portuguesa e Brasileira em universidades do Wisconsin e da Califórnia, onde faleceu. Deixou vasta obra como ensaísta, dramaturgo e historiador da cultura. Mas foi principalmente como poeta, de vasta obra publicada, que se arvorou à condição de um dos maiores poetas em língua portuguesa.
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