Viver! - O corpo nu, a saltar, a correr Numa praia deserta, ou rolando na areia, Rolando, até ao mar... (que importa o que a alma anseia?) Isto sim, é viver! O Paraíso é nosso e está na terra. Nós É que temos o olhar velado de incerteza; E julgamos ouvir a voz da Natureza Ouvindo a nossa voz. Ilusões! O triunfo, o amor, a poesia... Não merecem, sequer, um dia à beira-mar Vivido plenamente, - a sorver, a beijar O vento e a maresia. Viver é estar assim, a fronte ao céu erguida, Os membros livres, as narinas dilatadas; Com toda a Natureza, em espírito, as mãos dadas - O resto não é vida. Que venha, pois, a brisa e me trespasse a pele, Para melhor poder compreendêla-ia e amála-ia! Que a voz do mar me chame e ouvindo a sua fala, Eu vá e seja dele! Que o Sol penetre bem na minha carne e a deixe Queimada para sempre! As ondas, uma a uma, Rebentem no meu corpo e eu fique, ébrio de espuma, Contente como um peixe! Carlos Queiroz Desaparecido Breve Tratado de Não-Versificação Edições Ática 1984 |
terça-feira, 17 de dezembro de 2013
ODE PAGÃ
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