Os domingos de Lisboa são domingos Terríveis de passar - e eu que o diga! De manhã vais à missa aS. Domingos E à tarde apanhamos alguns pingos De chuva ou coçamos a barriga. As palavras cruzadas, o cinema ou a apa, E o dia fecha-se com um último arroto. Mais uma hora ou duas e a noite está Passada, e agarrada a mim como uma lapa, Tu levas-me p'ra a cama, onde chego já morto. E então começam as tuas exigências, as piores! Quer's por força que eu siga os teus caprichos! Que diabo! Nem de nós mesmos seremos já senhores? Estaremos como o ouro nas casas de penhores Ou no Jardim Zoológico, irracionais, os bichos? ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... Mas serás tu a minha «querida esposa», Aquela que se me ofereceu menina? Oh! Guarda os teus beijos de aranha venenosa! Fecha-me esse olho branco que me goza E deixa-me sonhar como um prédio em ruína!... Alexandre O´Neill
segunda-feira, 5 de agosto de 2013
OS DOMINGOS DE LISBOA
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