As estrelas têm um filamento de sangue agarrado ao corpo da Terra. Capilaridade da memória. A terra arranca do chão árvores e astros. Pensa e ama. Pensar é astralizar a luz física. Amar é corromper as formas do dia. Exilá-Ias de noite no céu. As estrelas são o resto imperceptível do sangue da terra. Ideias que vivem. A matéria pensa. A Terra quando dorme liberta cintilações celestes. O homem por sua vez desprende sonhos. A terra é o leito onde o homem doente se deita. Sobem do seu corpo lenços brancos. Cada cadáver liberta a fIutuação dum tenuíssimo pano de linho. Deixemo-nos morrer. Recostados na terra anoitecidos pela morte e pelo amor sobe de nós a palpitação insensível dum sol. É por isso que as estrelas são na terra o que de nós no ar se evola. Animam-se de vida sensível na mais pura abstracção das formas. Ao ser a memória dum corpo seremos no Universo a matéria estelar. Fogos, luminosos, inconformes. António Cândico Franco Poesia Digital 7 poetas dos anos 80 Organização de Amadeu Baptista e José-Emílio Nelson Campo das Letras |
quarta-feira, 17 de outubro de 2012
CONSTELAÇÕES
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