domingo, 11 de abril de 2010

Semana "RUY BELO" (VII)


Poeta e ensaísta português, natural de São João da Ribeira, Rio Maior, nasceu em 1933 e faleceu em 1978. Licenciado em Filologia Românica e em Direito pela Universidade de Lisboa, tornou-se membro da Opus Dei e obteve o grau de doutor em Direito Canónico pela Universidade Gregoriana de Roma, com uma tese intitulada «Ficção Literária e Censura Eclesiástica».
O seu relacionamento com opositores ao regime da época, a participação na greve académica de 1962 e a sua candidatura a deputado, em 1969, pelas listas da Comissão Eleitoral de Unidade Democrática, levaram a que as suas actividades fossem vigiadas e condicionadas. Foi-lhe recusada a possibilidade de leccionar na Faculdade de Letras de Lisboa, dando aulas na Escola Técnica do Cacém, no ensino nocturno. Apesar do curto período de actividade literária, Ruy Belo tornou-se um dos maiores poetas portugueses da segunda metade deste século, tendo as suas obras sido reeditadas diversas vezes. Em 1991 foi condecorado, a título póstumo, com o grau de Grande Oficial da Ordem Militar de Santiago da Espada. 


 

JOSÉ O HOMEM DOS SONHOS

Que nome dar ao poeta
esse ser dos espantos medonhos?
Um só encontro próprio e justo:
o de josé o homem dos sonhos
Eu canto os pássaros e as árvores
Mas uns e outros nos versos ponho-os
Quem é que canta sem condição?
É josé o homem dos sonhos

Deus põe e o homem dispõe
E aquele que ao longo da vereda vem
homem sem pai e sem mãe
homem a quem a própria dor não dói
bíblico no nome e a comer medronhos
só pode ser josé o homem dos sonhos.

Sem comentários: