- Ai flores, ai flores do verde pino,
se sabedes novas do meu amigo,
Ai Deus, e u é?
- Ai flores, ai flores do verde ramo,
se sabedes novas do meu amado,
Ai Deus, e u é?
- Se sabedes novas do meu amigo,
aquele que mentiu do que pôs comigo.
Ai Deus, e u é?
- Se sabedes novas do meu amado,
aquele que mentiu do que m'á jurado.
Ai Deus, e u é?
-Vós me perguntades polo voss'amigo,
e eu ben vos digo que é san' e vivo.
Ai Deus, e u é?
-Vós me perguntades polo voss'amado,
e eu ben vos digo que é viv' e sano.
Ai Deus, e u é?
-E eu ben vos digo que é san' e vivo,
e será vosc' ant'o prazo saído.
Ai Deus, e u é?
- E eu ben vos digo que é viv' e sano,
e será vosc' ant'o prazo passado.
Ai Deus, e u é?
Este belo poema pertence à categoria dos "cantares de amigo" muito usados na Idade Média e que pareciam destinar-se a serem cantados para acompanhar as danças. Tendo um pendor acentuadamente popular, foram também escritos por poetas mais eruditos, como é o caso de D. Dinis, 5º rei de Portugal, que viveu entre 1261 e 1325. Para além da sua beleza poética, tem ainda o valor de ser das primeiras composições escritas em português, pois, no século XIII, os documentos ou eram escritos em latim ou em galaico-português.
O nosso rei D. Dinis parece ter herdado a veia poética de seu avô Afonso X de Castela, também ele poeta e homem de grande cultura.
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