terça-feira, 20 de maio de 2008

PRIMEIRO POEMA

Sem horizonte ou lua,
sem vento nem bandeira.
L. von Maaske


A palavra, vida inteira, mata.
O seu silêncio não fala nem cala: ri.
Sem antes, nem depois, nem agora.
É o infindável que fala.
Não o ouças: ouve-o.
Oh, falar sem ouvir,
como ri o riso
pleno dos mortos,
os meus e os teus mortos
debaixo de nós.

Manuel António Pina (1943)

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