domingo, 25 de maio de 2008

CIDADE

Na cidade, quem olha para o céu?
- É preciso que passe um avião...
Quem me dera o silêncio, a solidão,
Onde pudesse, alguma vez, ser eu!

Na cidade nasci; nela nasceu
A minha dispersiva inquietação;
E o meu tumultuoso coração
Tem o pulsar caótico de seu.

Ah! quem me dera, em vez da gasolina,
O cheiro da terra húmida, a resina,
A flores do campo, a leite, a maresia!

Em vez da fria luz que me alumia,
O luar, sobre o mar, em tremulina...
- Divina mão compondo uma poesia.

Carlos Queiroz

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