sábado, 8 de dezembro de 2007

AFORISMOS

Não é por não saberes que fazes figura de tolo.
Tolice seria fingires um saber que não possuis.
Não podes ter saber sobre todas as coisas.
Mas podes alcançar uma atitude muito sábia, sabendo aceitar as tuas limitações.
A ignorância, em si, não é defeito, nem falta de virtude.
É apenas um défice de saber sobre algumas coisas.
Defeito e falta de virtude é a arrogância de impôr a nossa razão, sem ter um verdadeiro conhecimento sobre qualquer questão.
Maior defeito que a ignorância é a prepotência, o deseprezo dos que, não sabendo, impôem a sua vontade e o seu poder, silenciando os que possuem um maior conhecimento.
Então a ignorância torna-se tirania.
Os tiranos são os que ignoram, ou não tomam em consideração, a capacidade e a competência dos que estão acima deles porque possuem sobre as coisas um maior e um melhor conhecimento.
A melhor forma de agir com sabedoria é proceder com sã, justa e recta consciência.

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Sentença VII

Não podes pretender que tudo aconteça segundo os teus interesses.
Mas podes tentar compreender o acontecer das coisas e adaptá-las ao que mais te convém.
Talvez assim, em harmonia com o mundo, possas ter sucesso e sentir-te feliz.

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Sentença VI

Não podes ser eterno, nem prolongar a tua vida para além do tempo que o destino te concede.
Mas podes prolongar a memória de ti na marca que deixares nos que contigo se relacionam.
A obra que deixares será a memória da tua passagem pela vida.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

SENTENÇA VI

Se encontrares alguém mais honrado ou mais competente do que tu, não o invejes, imita-o.
Porque, se o atacas, amesquinhas-te.
Se o tentas denegrir, empobreces-te.
Mesmo que te julgues capaz de o vencer, sairás vencido.
Porque destruirás aquele que consideraste estar acima de ti em competência.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Sentença V

Não te canses a tentar atingir o que não podes alcançar.
Se persistes em ter o que não podes, não preparas o sucesso, mas o desespero.
Sê exigente contigo mesmo. Age com rigor, dentro das tuas capacidades, de acordo com o que as circunstâncias te permitem realizar.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

DESTINO

As vidas não se perdem,
As vidas vivem-se.
O acaso determina o acontecer.
Quando optamos,
Apenas escolhemos
O caminho que nos calha percorrer.

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

SILÊNCIO IV

Soa doce e tranquila a melodia ...
Como a música sublinha este sossego!
Aqui, quieto, neste fim do dia,
Momentaneamente esqueço
Mágoas, atropelos, medos,
E tanta coisa que me angustia.

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Sentença IV

É por tão poucos terem muito, e serem tantos os que nada têm, que o mundo é um lugar tão inseguro.
Não é apenas por bondade que deves evitar o desespero que acompanha sempre a miséria extrema.
É, para garantia do teu bem-estar e para maior segurança dos teus próprios bens.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

A CASA ( IV )

A casa grande foi berço
E é destino.

Aqui me reencontro.
Aqui planto e aqui deposito,
Os restos da vida que cumpri.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

A CASA ( III )

Aqui, na casa grande,
Há sons e há restos de memória;
Há rastos de gestos que ficaram por cumprir.

Aqui, na casa grande,
O sonho e o desencanto,
Misturam-se numa tristeza que não tem mais fim...

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

A CASA ( II )

Aqui, à casa grande,
Tenho sempre que voltar.
Sem este espaço-berço,
A vida fica sem princípio.

Perdidas as origens,
Perde-se o sentido,
Da vida que moldou,
Aquele que hoje sou.

terça-feira, 16 de outubro de 2007

A CASA ( I )

Aqui, na casa grande,
Foi aqui que me temperei.

As paredes conservam ainda
Os ecos do passado.

E há sombras que guardam imagens,
Gestos que só a memória consegue reviver...

sábado, 13 de outubro de 2007

PERPLEXIDADE

Espectáculo por Campanhia de Dança Contemporânea. Uma aliciante proposta à partida.
Uma música melodicamente repetitiva. Quase minimalista. Soando alto até se tornar incómoda, obsessiva.
Um homem jovem, vestido por estranhos elementos, assumindo gestos de equívoca sexualidade.
Destravestiu-se, até quase à nudez, em longos minutos que pareceram infindos.
Depois, recomeçou em gestos lentos, lânguidos, a travestir nova personagem.
De novo a exasperante mudez do homem e a insuportável cadência da música.
Tudo isto, assim: desinteressante, incompreensível, inútil.
Como meia-hora pode ser um tempo tão dolorosamente longo!!!!!!!!
Alguns espectadores riam nervosamente. Outros, como eu, entediavam-se em silêncio.
Ao intervalo, boa parte debandou.
Foi a única forma inteligente e bem educada de expressarem o desagrado.

Certas propostas, presumidamente artísticas, põem-nos a pensar:

Onde acaba a Arte e começa o descaramento?!

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

QUANDO, A MORTE?...

Meu pai não morreu,
Foi morrendo ...
Foi partindo lentamente ...
Deixando de ser,
Muito antes de morrer.

A sua alma partiu quando?
Meu pai foi deixando de ser gente,
Sendo um corpo ainda tão presente!

terça-feira, 9 de outubro de 2007

SILÊNCIO III

A mão pousa lentamente
Sobre o pêlo sedoso do meu cão.

Soergue a cabeça lentamente ...
Que ternura!
Que doçura! ...
Nesse olhar de tranquila mansidão!

sábado, 6 de outubro de 2007

Sentença III

Os maus agem de má fé apenas por ignorância, porque desconhecem quão efémeras são as vantagens que resultam da sua acção dolosa.

Agir bem, não para obter vantagem mas para se poder viver de tranquila consciência, é prova de sabedoria e de bom senso.

Não esperes nenhuma recompensa pela rectidão do teu modo de agir. Tu és a única medida da justeza dos teus actos. Dos outros podes esperar prémios ou castigos mas não a consciência plena do valor das tuas acções.

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

OUTONO

Choveu de noite.
A aurora rompe a custo no cinzento azulado de um céu de nuvens.
Lentamente, a natureza parece que adormece.
A terra, em tons castanhos, salpicada do verde da erva que renasce.
As árvores carregadas de frutos maduros e de folhas que fenecem.
O chão coberto do folhedo morto.
Tudo anuncia o frio Inverno em que reina a noite.
Depois, virá a alegria primaveril da vida que regressa.
Novo tempo solar e o Verão escaldante.
Cumpre-se o ciclo infindo da mãe natureza.

sábado, 29 de setembro de 2007

DI-VERSOS

Uma folha em branco!

Que escrever nela?

Quimera?... Ilusão?

Não!

Nada?

Também não!

Está escrita então!

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

SILÊNCIO II

Nem toda a solidão é mágoa.
Por vezes é mansa quietude,
É sossego e silêncio.

Vejo-me num tempo, sem tempo.
Imagens desfilam lentas,
Sem ordem.

O passado, é memória.
Não angustia,
Só o presente ... Só o presente.

terça-feira, 25 de setembro de 2007

SILÊNCIO I

No silêncio onde me resguardo,
Fico.
E, assim, quieto, me conservo.
Na luz branda do fim do dia,
Me aconchego.
As mãos pousadas sobre os joelhos,
O olhar parado.
E vejo para dentro de mim.

domingo, 23 de setembro de 2007

DA FELICIDADE

Todas as pessoas concebem, ao longo da sua vida, um ideal de felicidade. Mas a felicidade como estado permanente não existe. Existem apenas momentos felizes. É por não conceberem claramente isto que muitos se atormentam na busca de uma vida feliz, sem darem valor aos melhores momentos que podem viver. Claro que o destino dos seres humanos é não apenas viver, mas procurar viver bem. Mas, para isso, é preciso aceitar que o bem viver absoluto é inatingível.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

DA FILOSOFIA

É vã toda a palavra do filósofo que não remedeia nenhum dos sofrimentos dos humanos, pois que assim como é inútil toda a medicina que não suprime as enfermidades do corpo, também é inutil a filosofia que não suprime oa sofrimentos da alma. ( Epicuro )

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Sentença II

O prazer foge-nos mais do que o vento. Acaba sem nunca saciar. Quanto mais se alcança mais se deseja.
Por isso, a virtude e o bem-estar, estão na abstinência e na desistência de o procurar.
Só conservando o espirito sereno podemos agir com liberdade, com racionalidade e representar dignamente o papel que nos cabe dentro das circunstâncias que determinam o nosso viver.

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Sentença I

Se pretendes atingir a sabedoria, procura saber um pouco acerca de quase tudo; ou saber quase tudo acerca de poucas coisas.

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

CURAR E CUIDAR

Quando, muito mais jovem, tinha de ir ao médico, pensava que ia reencontrar alguém que me conhecia, que eu conhecia também, portanto, rever alguém a que me ligava algum afecto. PrIncipalmente quando se tratava do meu velho médico, a quem mentalmente chamava o "meu João Semana", desde que, ainda muito novo, começara a ler Júlio Dinis. Conhecia-me desde que nascera, embora não me tivesse aparado como parteiro. Isso era tarefa para a "comadre Zefa" pois, nesse tempo, os médicos só intervinham em caso de complicação. Acompanhou-me pela vida fora. Celebrou os meus sucessos, compadeceu-se com os meus sofrimentos, apoiou-me quando persentiu que eu estava atormentado por problemas. A sua sagacidade e grande experiência, apesar dos fracos recursos curativos de que dispunha, resolveram alguns dos complicados problemas de saúde com que me enfrentei. Contava com ele e nele depositava a confiança de quem estava seguro de estar nas mãos de quem por mim se interessava. Depois, quando tive de partir, conheci ainda outros médicos que, embora não me conhecessem tão bem, conseguiam fazer-me crer que se ineressavam pelos problemas que me atormentavam. As consultas eram essencialmente uma procura de compreender razões, causas, antecedentes. Antes de decidirem da cura para o doente, os médicos começavam por tentar entender a pessoa de quem tinham de cuidar.
Agora, sempre que vou ao médico sinto bastante desconforto e algum constrangimento. Não há conversa. Apenas um sucinto e frio questionário seguido de uma lista de exames de laboratório a efectuar ou da recomendação do médico especialista a consultar. Já tenho tido a sensação de que alguns nem me olharam.
É certo que, com a vasta panóplia de recursos de que dispõem, as mais das vezes acabam por resolver os nossos problemas com as doenças. Mas que mal cuidam de nós como pessoas...

domingo, 16 de setembro de 2007

Saudação

As minhas saudações a todos os potenciais leitores.
Aqui irei lançando as minhas reflexões.
Deste "vale de lobos" onde me refugiei, irei reflectindo sobre as coisas de que se fez o meu viver e sobre as que forem afectanto as minhas actuais vivências.
Salvé!