é uma coisa que desliza
por cima das lagoas
que corre pelos campos sem
sentido
que empurra o vento
e apruma o sol no solstício
que derruba a bruma e fecha
o horizonte
que nos faz ver de noite e
de dia cegos
tacteando o ar sem
provimento
que dá o movimento aos
astros
e às sombras infinitas
que abre o mar por onde os
escravos passam
e ficam livres sem
saber
é a cascata que nos dilui
e lança na corrente sem
perfídia
até ao oceano dos sentidos
é o iceberg que se funde
e derrota os titanics
que passam solitários pelas
albas
é o assombro da manhã
o cantar dos ralos nas
searas
o despertar das aves e
rebanhos
o charco onde crescem amarelo e roxo
as flores da primavera
é só eu e tu
como nas novelas
Henrique Ruivo
branco azul
ocre
Difel
Sem comentários:
Enviar um comentário