Como é doce e triste por vezes ouvir Algum som antigo trazido à memória, E ver, como em sonhos, algum rosto querido, Trecho de paisagem, campo, rio ou vale, Lembrança tão breve, triste e agradável, Algo que recorde o tempo bom da infância. Então em dor feliz as lágrimas brotam, Esse choro subtil que na mente aguarda, E tudo o já sentido - campo, rio e voz - Toma outro alcance, na memória adornado, E lento emerge em fantasiosa luz. Mas, ai, eis que acordo p'los sonhos traído! O que sinto e ouço apenas ilusão, Porque o passado não pode regressar. Estes campos não são os que eu conheci, Os sons não são os que ouvi; tudo passou E tudo o que é passado, ai, não volta mais. Alexander Search Poesia edição e tradução Luísa Freire Assírio & Alvim Obras de Fernando Pessoa 1999
segunda-feira, 28 de janeiro de 2013
Souvenir
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