Eu faço versos como quem chora
De desalento... de desencanto...
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.
Meu verso é sangue. Volúpia ardente...
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.
E nestes versos de angústia rouca
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.
- Eu faço versos como quem morre.
De desalento... de desencanto...
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.
Meu verso é sangue. Volúpia ardente...
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.
E nestes versos de angústia rouca
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.
- Eu faço versos como quem morre.
Manuel Bandeira nasceu na cidade de Recife em1884 e morreu na cidade de Rio de Janeiro em 1968. Cursou Arquitectura, na Escola Politécnica e Desenho de Ornato, no Liceu de Artes e Ofícios, entre 1903 e 1904, mas abandonou os estudos devido à tuberculose. Nos anos seguintes, passou longos períodos em sanatórios, no Brasil e na Europa.
Voltando ao Brasil, passou a viver no Rio de Janeiro, onde publicou A Cinza das Horas, em 1917. Nas décadas seguintes, aliou à produção poética, à colaboração em periódicos como cronista e crítico literário e com a tradução de mais de 30 obras. Foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras em 1940.
Manuel Bandeira, cuja obra se vincula à primeira geração do modernismo, é um dos maiores poetas brasileiros. A sua poesia, marcada pela experiência trágica da tuberculose, trata da morte, do amor e do quotidiano, em versos livres nos quais se destacam o humor, a melancolia e, por vezes, a amargura diante da vida.
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