Eu aguardei com lágrimas e o vento
suavizando o meu instinto aberto
no fumo do cigarro ou na alegria das aves
o surgimento anónimo
no grande cais da vida
desse navio nocturno
que me trazia aquela com lábios evidentes
e possuindo um perfil indubitável,
mulher com dedos religiosos
e braços espirituais...
Aquela mulher-pirâmide
com chamas pelo corpo
e gritos silenciosos nas pupilas.
Amante que não veio como a noite prometera
numa suspensa nuvem acordar
meu coração de carne e alguma cinza...
Amante que ficou não sei aonde
a castigar meus dias involúveis
ou a afogar meu sexo na caveira
deste carnal desespero!...
António Salvado, in "A Flor e a Noite"
domingo, 11 de setembro de 2011
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário