O egoísmo pode tornar-nos felizes durante uma hora ou um dia, mas faz-nos desditosos durante a vida inteira.
Paolo Montegazza (1831-1910)
Não concordo com este dito porque me parece conter uma sabedoria mais aparente do que real. Porque, na verdade o egoísmo não conduz à felicidade mas ao prazer e felicidade e prazer são coisas tão distintas que nunca se devem confundir.
O prazer é insaciável pois que, logo que alcançamos algum já estamos a pretender alcançar mais. A busca do prazer é por condição egocêntrica porque busca apenas a auto-satisfação. Mesmo quando esse prazer é partilhado, não é prazer dos outros que constitui o meu objectivo, pois o que eu busco é a satisfação do meu próprio prazer. Ainda que, masoquistamente, para o alcançar me submeta à dor ou qualquer outra forma de me penalizar.
A felicidade pressupõe a tranquilidade e esta só se alcança pelo equilíbrio que provém da satisfação com o que se tem e que se é, sem a insatisfação de sempre necessitar de se alcançar o que não se tem. E isto não exclui o esforço para continuamente melhorar.
Só pela tranquilidade da minha consciência, obtenho o equilíbrio moral. Só pelo equilíbrio entre as minhas necessidades e os meus desejos, alcanço a tranquilidade de que resulta do meu bem-estar. Só a constante atenção ao bem-estar dos outros me evita o remorso que advém de lhes ter negado auxílio ou de os ter sacrificado aos meus interesses.
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