quarta-feira, 26 de maio de 2010

Semana "MANUEL BANDEIRA" (IV)

Manuel Bandeira nasceu no Recife no dia 19 de Abril de 1886, Em 1890 a família se transfere para o Rio de Janeiro e a seguir para Santos - SP e, novamente, para o Rio de Janeiro. Passando dois verões em Petrópolis. Em 1892 a família volta para Pernambuco e, mais uma vez se muda do Recife para o Rio de Janeiro, em 1896. Em 1903 a família se muda para São Paulo onde se matricula na Escola Politécnica. No final do ano de 1904, o autor fica sabendo que está tuberculoso, abandona suas actividades e volta para o Rio de Janeiro. Em busca de melhores climas para sua saúde, passa temporadas em diversas cidades. Escreve seus primeiros versos livres, em 1912. A fim de se tratar no Sanatório de Clavadel, na Suíça, embarca em Junho de 1913 para a Europa. Em virtude da eclosão da Primeira Guerra Mundial, em 1914, volta ao Brasil em Outubro. Inicia então, em 1922, a se corresponder com Mário de Andrade.  Em 1924 publica, às suas expensas, Poesias, que reúne A Cinza das Horas, Carnaval e um novo livro, O Ritmo Dissoluto. Colabora no "Mês Modernista", série de trabalhos de modernistas publicado pelo jornal A Noite, em 1925. Escreve crítica musical para a revista A Idéia Ilustrada. Escreve também sobre música para Ariel, de São Paulo. No dia 13 de Outubro de 1968, às 12 horas e 50 minutos, morre o poeta Manuel Bandeira, no Hospital Samaritano, em Botafogo, sendo sepultado no Mausoléu da Academia Brasileira de Letras, no Cemitério São João Batista.


Poética

Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
protocolo e manifestações de apreço ao Sr. Diretor.
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário o
cunho vernáculo de um vocábulo.
Abaixo os puristas

Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de excepção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis

Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora
de si mesmo
De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de cossenos secretário
do amante exemplar com cem modelos de cartas
e as diferentes maneiras de agradar às mulheres, etc.

Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbados
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare

- Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.
 

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