sábado, 8 de maio de 2010

Semana "JOSÉ MANUEL CAPÊLO" ( VII )


José Manuel Gomes Gonçalves Capêlo, nasceu a 29 de Janeiro de 1946, em Castelo Branco. Faleceu na vila de Campo Maior , onde fixara residência, em 27 de Fevereiro de 2010.
A  profissão de comissário de bordo, na TAP que teve durante anos permitiu-lhe conhecer muitos países.  
Poeta, ficcionista, investigador e editor, colaborou  em jornais e revistas em Portugal e no estrangeiro. Algumas das suas obras foram traduzidas e publicadas em países como:  Brasil, Espanha, França, Inglaterra, República Popular da China e Estados Unidos da América.
Das obras Poesia destacam-se: "Miragem", Montanha, Lisboa, 1978; "Corpo-terra", Trelivro, Lisboa, 1982; "Fala do Homem Sozinho", Danúbio, Lisboa, 1983; "Rostos e Sombras," Sílex, Lisboa, 1986; "O Incontável Horizonte", Património XXI, Lisboa, 1988; "Enche-se de Eco a Cidade" ,Átrio, Lisboa, 1989; "A Voz dos Temporais", Átrio, Lisboa, 1991; "Quanto desta terra é", Átrio, Lisboa, 1992; "Odes Submersas", Átrio, Lisboa, 1995; "A noite das Lendas", Aríon, Lisboa, 2000. 
Dos ensaios históricos sobressaem:   "Os Mistérios Templários à Luz da História e da Tradição", Zéfiro, Sintra, 2007; "Portugal templário, relação e sucessão dos seus Mestres [1124-1314]",2ª edição, Zéfiro, Lisboa, 2008. 
Foi grande o número de autores portugueses que publicou como editor: António Quadros, Dalila Pereira da Costa, João Rui de Sousa, António Ramos Rosa, António Manuel Couto Viana, António Telmo, António Salvado,  Joaquim Pessoa, António Barahona, Albano Martins, Dórdio Guimarães e vários outros.

Longamente... a noite
a fácil luz de todos os delírios
de todos estes medos que guardo desde a infância
essa, que só me soube a trevas e a embuste
a memórias fáceis e desaticuladas
a longas horas de encontro comigo, a sós comigo
com os meus vultos e os meus delírios
a minha imaginação fácil e desempoeirada
acontecida em longas horas de sono vivo e feliz.

Quem me soube ver quando me procurava
nas imensas manhãs de um qualquer dia sem dia?
Quem me soube entender quando me perguntava
de onde - ou de que lado - vinha a luz
quando se distinguia a sombra incontrolável das trevas?
Quem me soube responder a esse passado
que, de tão recente
tinha a visão da minha orfandade
vista por tantos
e pouco, ou nada, entendida por poucos mais ?

Foi brevemente longo o meu desespero
a minha ânsia descontrolada
o lado outro, que não era meu, porque o não tinha
e não sabia a quem pedir!?...

Quem fez de mim o que sou hoje?
Quem se lembrou de me lembrar?

In, A Noite das Lendas, Aríon, 2000

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