quinta-feira, 9 de julho de 2009

A lua

Eu extasiado com os lunares espectáculos que tenho visto do meu terraço e aparece-me este texto que parece já ter dito o que eu gostaria de dizer.


"Os antigos diriam que o luar é branco, ou é de prata. Mas a brancura falsa do luar é de muitas cores. Se me erguesse da cama, e visse por detrás dos vidros frios, sei bem que, no alto ar isolado, o luar é de branco-cinzento-azulado de amarelo esbatido; que, sobre os telhados vários, em desequilíbrios de negrume de uns para outros, ora doura de branco-preto os prédios submissos, ora alaga de uma cor sem cor o encarnado-castanho das telhas altas. No fundo da rua, abismo plácido, onde as pedras nunca se arredondam irregularmente, não tem cor salvo um azul que vem talvez do cinzento das pedras. Ao fundo do horizonte será quase de azul-escuro, diferente do azul-negro do céu ao fundo. Nas janelas onde bate, é de amarelo-negro"

Bernardo Soares ( Fernando Pessoa),In Livro do Desassossego

terça-feira, 30 de junho de 2009

Sophia de Mello Breyner Andresen - "In memoriam"

Nasceu a 6 de Novembro de 1919 na cidade do Porto e faleceu a 2 de Julho de 2004, esta poetisa que, durante cerca de sessenta anos, marcou de forma tão notável a literatura portuguesa. Poetisa se intitulou sempre, ao contrário de outras que se apelidaram de poetas, assim no masculino. Ela quis sempre sublinhar que a sua poesia emergia da sua matricial condição de mulher.

Cinco anos depois, a sua voz, como profeticamente anunciara, ressoa através dos versos que deixou:

O poema me levará no tempo
Quando eu já não for eu
E passarei sozinha
Entre as mãos de quem me lê

O poema alguém o dirá
Às searas

Sua passagem se confundirá
Como rumor do mar com o passar do vento

O poema habitará
O espaço mais concreto e mais atento

No ar claro nas tardes transparentes
Suas sílabas redondas

(Ó antigas ó longas
Eternas tardes lisas)

Mesmo que eu morra o poema encontrará
Uma praia onde quebrar as suas ondas

E entre quatro paredes densas
De funda e devorada solidão
Alguém seu próprio ser confundirá
Com o poema no tempo

In "Livro Sexto"

domingo, 21 de junho de 2009

Do valor do disparate

Afirma com energia o disparate que quiseres, e acabarás por encontrar quem acredite em ti

Vergílio Ferreira (1916-1996)

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Esta afirmação é dita por confirmação de uma realidade. De facto, se há muitos sempre dispostos a afirmarem-se e atingirem o que desejam sem olharem aos meios, há também sempre outros tantos dispostos a acreditarem nos disparates que lhes impingem por mais absurdos que eles sejam. Principalmente neste tempo em que o disparate campeia e em que dominam os que já nem sabem em que consiste dizer a verdade.

Tantos e tão poderosos são os oportunistas, tantos são os tolos que os sustentam, que os homens de carácter quase têm de viver dissimulados numa semi-clandestinidade.

Que tempos estes e que estranhos costumes se instalaram na nossa sociedade.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

"Politeia" e Política

A política é talvez a única profissão para a qual se pensa que não é precisa nenhuma preparação
Robert-Louis Stevenson (1850-1894)

A política nasceu concebida como uma missão dos cidadãos que assumiam o encargo de contribuir para a boa gestão das suas comunidades. Assim foi no tempo em que, na Grécia Antiga, a Polis era o modelo de Estado onde se ensaiaram as primeiras experiências de governo em democracia. Se política teve como primeiro significado ser o governo da Polis (Politeia), democracia (democratia) significava o governo pelo Demos, ou seja, o povo.
Depois vieram os primeiros que fizeram da política uma profissão. Porque na sua acção já nada havia de missão, estes foram denominados de demagogos, os que enganam, ou iludem o povo pela arte do discurso.
Transformando a missão de servir o povo na arte de se servirem do povo, estes demagogos mataram a Polis, acabaram com a política no seu sentido original e provocaram a decadência e o fim de uma das mais cultas e humanizadas civilizações que já existiram à face da Terra: a Civilização Helénica.
Hoje chamamos política a uma coisa que nada tem a ver com o governo democrático de Atenas, cidade farol da civilização antiga dos gregos.

domingo, 14 de junho de 2009

O Homem e a Natureza

"O sofrimento é a lei de ferro da natureza"

Eurípides (480 - 406 a. C.)


Eurípides que viveu na cidade de Atenas, na Grécia Antiga, há mais de mil e quinhentos anos, não podia sequer imaginar que o homem, guiado pela sua desmedida ambição, mais do que pela necessidade de garantir o seu bem-estar e sobrevivência, inverteria completamente o sentido da frase que ele escreveu numa das suas geniais tragédias.

Sim, porque o que hoje acontece é que o homem sujeita a natureza a sofrer tais atentados ao seu equilíbrio, impõe-lhe tais alterações através do poder que criou com o seu conhecimento desumanizado das coisas, que existe mesmo o perigo real de poder ser a sobrevivência da natureza que venha a estar ameaçada, pondo em risco a vida do próprio homem.

Assim, hoje, são as leis de ferro que o homem impõe que causam o sofrimento da natureza.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

A ingratidão prepotente do presente

Se serviste a pátria que vos foi ingrata, vós fizestes o que devíeis, ela o que costuma
Padre António Vieira (1608-1697)
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Esta habitual ingratidão é mais dos homens que detêm o poder de decisão do que propriamente das pátrias. Porque, enquanto os poderosos actuam apenas no presente, a pátria, porque intemporal, acaba por reconhecer o mérito. Muitas vezes é apenas uma questão de tempo. Desvanecidas as arrogâncias dos prepotentes, a História baseia a sua avaliação na durabilidade e projecção que os feitos têm no futuro. Os que agem movidos apenas pela intenção de tornarem o mundo melhor e mais habitável, acabam por serem reconhecidos pelo mérito dos seus actos. Pena que, em grande parte dos casos, não puderam ter em vida esse reconhecimento.
Mas há uma certa justiça histórica que prevalece.
Tomemos como exemplo Camões: em vida tão incompreendido e tão desprezado. Mas, que juízo faz da sua obra e pessoa a História e que juízo faz do arrogante e alucinado jovem D. Sebastião que tão altiva e estupidamente desprezou a homenagem e conselho que Luís de Camões com a sua obra lhe prestava?
Camões morreu de pobreza e do esquecimento e desprezo a que foi votado.
Isto escrito um dia depois do dia que leva o seu nome e que se tornou nome de pátria: diz-se dia de Camões simbolizando que é o dia de Portugal que se pretende comemorar. E os escritores da lusofonia recebem como honra máxima o prémio que leva o seu nome.
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O Nobel escritor da língua pátria, José Saramago escreveu este
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Epitáfio para Luís de Camões
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Que sabemos de ti, se versos só deixaste,
Que lembrança ficou no mundo que tiveste?
Do nascer ao morrer ganhaste os dias todos,
Ou perderam-te a vida os versos que fizeste?

terça-feira, 9 de junho de 2009

Sem comentário

Um político pensa nas próximas eleições; um estadista nas próximas gerações.
Noel Clarasó (1905-1985)

Não dá para comentar. É tão denso o significado da frase que, perante ela, apenas podemos constatar a verdade absoluta que nela se contém.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Cobardia e violência

Quando não se possa escolher senão entre a cobardia e violência, aconselharei a violência

Mahatma Gandhi (1869 - 1948)


Para os que possa ler distraidamente a frase, pode acontecer que, atentando apenas nas palavras finais, sintam alguma perplexidade. Pois, como pode esse grande paladino da resistência pacífica, esse lutador que, durante todas as lutas que travou - e tantas e tão árduas elas foram - sempre usou como arma a passividade e recomendou o não recurso aos métodos violentos que não se respondesse aos golpes com golpes e aos insultos com insultos, venha agora dizer: "aconselharei a violência"?

É preciso fazer uma leitura crítica da frase. Nela não se contrapõe a violência à enorme coragem dos que lutam não respondendo aos ataques, às injustiças, às acções que visam a humilhação da sua dignidade e a ofensa da sua condição de pessoas, com actos semelhantes aos dos seus agressores.

"Quando não se possa escolher", se estiver em risco a nossa segurança, a nossa integridade física, a nossa dignidade moral, então não devemos acobardarmos e, se outra forma de luta não for possível, então só nos restará opor à violência a própria violência para evitar que a prepotência esmague os nossos direitos ou os direitos daqueles que entendemos que temos o dever de proteger.

A atitude dos que pacifica e derminadamente se opõem aos abusos e às prepotências, nunca pode degenerar em cobardia. Só a coragem de lutar garante a defesa dos nossos direitos. Para vencermos na luta contra a injustiça, se outro meio não for possível, podemos ter de recorrer ao uso da violência.


segunda-feira, 1 de junho de 2009

Prazer e Felicidade


O egoísmo pode tornar-nos felizes durante uma hora ou um dia, mas faz-nos desditosos durante a vida inteira.
Paolo Montegazza (1831-1910)

Não concordo com este dito porque me parece conter uma sabedoria mais aparente do que real. Porque, na verdade o egoísmo não conduz à felicidade mas ao prazer e felicidade e prazer são coisas tão distintas que nunca se devem confundir.
O prazer é insaciável pois que, logo que alcançamos algum já estamos a pretender alcançar mais. A busca do prazer é por condição egocêntrica porque busca apenas a auto-satisfação. Mesmo quando esse prazer é partilhado, não é prazer dos outros que constitui o meu objectivo, pois o que eu busco é a satisfação do meu próprio prazer. Ainda que, masoquistamente, para o alcançar me submeta à dor ou qualquer outra forma de me penalizar.
A felicidade pressupõe a tranquilidade e esta só se alcança pelo equilíbrio que provém da satisfação com o que se tem e que se é, sem a insatisfação de sempre necessitar de se alcançar o que não se tem. E isto não exclui o esforço para continuamente melhorar.
Só pela tranquilidade da minha consciência, obtenho o equilíbrio moral. Só pelo equilíbrio entre as minhas necessidades e os meus desejos, alcanço a tranquilidade de que resulta do meu bem-estar. Só a constante atenção ao bem-estar dos outros me evita o remorso que advém de lhes ter negado auxílio ou de os ter sacrificado aos meus interesses.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Pensar e trabalhar

Pensar é o trabalho mais árduo que existe. Talvez seja a razão pela qual há tão poucas pessoas a fazê-lo!
Henry Ford (1863 – 1947)

Frase lapidar, a deste pai da indústria automóvel, na sua capacidade de sintetizar, em tão poucas palavras, uma verdade tão grande quanto prenhe de interesse. Os mais destituídos de instrução tendem a pensar que só o esforço físico é verdadeiro trabalho. Não têm consciência de que, enquanto o esforço físico se resume ao uso da força muscular, o trabalho de pensar exige capacidade intelectual de bom nível, conhecimento desenvolvido dos assuntos pensados, elevada competência para chegar a ideias que sirvam de base para a explicação das coisas ou para a acção.
A prova está na rapidez com que o esforço físico pode ser reposto através do repouso e da maneira como o trabalho de pensar pode, em casos extremos, levar a níveis dificilmente recuperáveis de esgotamento.
Claro que o trabalho de pensar ao mais alto nível só é possível para os que alcançam um elevado patamar de competência intelectual. A maioria das pessoas conseguem apenas cogitar sobre os factos simples e directos que respeitam à sequência rotineira de acontecimentos em que consiste o seu quotidiano viver.

sábado, 23 de maio de 2009

A calúnia

A calúnia é um vício curioso: tentar matá-la fá-la viver;
deixá-la tranquila, leva-a a morrer de morte natural.
Thomas Paine (1737 – 1809)

Tenho dificuldade em aceitar como certa no seu significado esta afirmação. O conteúdo desta frase enquanto pensamento e juízo crítico, incide sobre o que considero um dos mais odiosos e hediondos comportamentos humanos.
A calúnia é construída para que pareça verdade o que se congeminou na consciência plena de que se trata de uma invenção mentirosa. É posta a circular com objectivos ou estúpidos ou nefastos, de forma a gerar o pânico, influenciar atitudes ou ferir a honra, o carácter, a idoneidade, a credibilidade ou a integridade moral de uma ou de várias pessoas, grupos de pessoas ou instituições.
Uma vez posta em marcha, torna-se muito difícil desactivá-la porque haverá sempre tolos e ingénuos, de pensamento primário e pouco crítico, para a aceitarem e se tornarem seus repetidores, promovendo a sua difusão. Apesar disso devemos procurar combatê-la, recorrendo a provas que permitam desmacará-la, tentando desmontar os seus processos e intenções.
A verdade é que não é seguro que todas morram de morte natural. Algumas tornam-se tão persistentes que, mesmo quando já estão esquecidas, persistem os efeitos nefastos, dos prejuízos e das injustiças que provocaram.
Há uma forma simples, certa e segura para combater a calúnia: recusar firmemente repetí-la para evitar a sua propagação.

terça-feira, 19 de maio de 2009

O medo do erro


“O maior erro que um homem pode cometer é viver com medo de cometer um erro.”
W.S. Hebbard (1863 – 1930)

Por que ao contrário do que alguns parecem pensar, o medo de cometer o erro não leva ao perfeccionismo. O medo do erro tem um efeito paralisante. Muitas vezes torna medíocre a acção e pouco eficaz quem a desenvolve.
O erro é condição de aprendizagem, se considerado como integrando o processo experimental em consiste a nossa vida. Pelo erro posso alcançar a solução que procura, o conhecimento que não tinha, a coragem para prosseguir novas buscas.
O erro só se torna perigoso para a nossa formação e desenvolvimento pessoal, se o não sabemos identificar como tal, se persistimos tomando-o como verdade e coisa certa, colocando-o no lugar que só deve ser ocupado pelo saber comprovado através dos resultados concretos a que formos chegando.
Devemos estar atentos ao erro na condição de que o medo de o cometer não se torne num espartilho que diminui e desvaloriza a eficácia da acção que podemos e devemos desenvolver.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Responsabilidade dos outros nas nossas acções

“Quando um homem começa a responsabilizar os outros pelos seus fracassos, é bom que comece a fazer o mesmo pelos seus sucessos.”
Mark Twain (1835 – 1910)

Porque se não sei assumir a responsabilidade dos actos que cometo e que não são dignos de aplauso, ou não conduziram aos resultados desejados e esperados, se procuro alijar a culpa que nisso me cabe desculpando-me com a culpa que terão tido os outros ou porque me aconselharam mal, ou porque não ajudaram com o seu auxilio ou com o seu conselho, também me devo obrigar-me a fazê-los participar, em igual medida, nos meus sucessos que tiveram êxito. Porque em ambos os casos os outros estiveram presentes. Mesmo quando parece que realizei algo sozinho, nesses actos estiveram o apoio, a ajuda, o saber dos comigo se esforçaram, dos que me incentivaram, dos que me aconselharam e participaram na minha formação, tornando-me apto para fazer bem aquilo que realizei com sucesso.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Duvidar e saber

“A dúvida é o princípio da sabedoria”

Aristóteles (384 – 322 a. C.)

Simples, curta, luminosa, esta frase escrita há de dois mil anos por um dos fundadores da filosofia universal.
Só os imbecis e os que fazem das suas certezas uma atitude perante as coisas da vida, afirmam, propagam e defendem a validade indiscutível dos seus conhecimentos. Porque o homem avisado reconhece a relatividade de tudo o que sabe. Não porque esse saber possa ser ou não verdadeiro. Mas porque, mesmo sendo verdadeiro, ele está sempre em mudança crescente e essa é a condição basilar e o princípio fundamental que garante a aquisição progressiva do conhecimento.
Ai do que não coloca em dúvida aquilo que sabe, porque está a condenar-se, não à sabedoria mas à ignorância, pois que confia em improváveis absolutas e certezas.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

O perigo dos desesperados

"Aqueles que têm demasiada esperança e nada a perder são sempre muito perigosos."
Edmund Burke (1729-1797)
Porque a emulação da esperança os anima a grandes, por vezes ousadas acções. Porque a força da utopia os incita a tentarem o impossível. Porque a desesperada situação em que se encontram não lhes deixa alternativa - têm de procurar num futuro inserto a esperança, pois que as limitações do presente os deixam sem solução para os seus problemas.
Fazem mal os que, indiferentes à voz do bom-senso e aos conselhos avisados da prudência, respondem enterrando a cabeça na areia, tornando-se cegos, surdos e mudos à tensão que vai crescendo em seu redor. Não querendo ceder um pouco, acabam muitas vezes por pôr em risco tudo o que possuem.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Da importância da História

"Aqueles que não conseguem lembrar-se do passado estão condenados a repeti-lo"
George Santayana (1863-1952)
A História é a consciência crítica do passado e não apenas o seu mero relato ou descrição dos factos que ocorreram. Por isso a História deve ter um lugar muito importante na formação das novas gerações. A falta de cultura histórica torna os homens incapazes de realizarem projectos que conduzam ao progresso contínuo e ao desenvolvimento das sociedades.
O homem ignorante da História está desprovido da consciência que o impediria de repetir no presente os erros que já foram cometidos no passado. É por isso que se torna tão perigoso colocar o poder de decisão nas mãos dos que não têm o conhecimento necessário para evitarem a tendência para repetirem sempre os mesmos erros.
Quantos recursos são delapidados, quantos esforços estão condenados a serem inúteis, só porque o poder está nas mãos de quem não tem capacidade para decidir da forma mais conveniente para toda a sociedade.

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Liberdade - Responsabilidade

"Tudo quanto aumenta a liberdade, aumenta a responsabilidade"
Victor Hugo (1802-1885)
Porque liberdade sem responsabilidade conduz ao desregramento, à acção descontrolada, ao excesso, à prepotência, à irresponsabilidade anárquica, à acção sem objectivos, sem limites, sem sentido. Se a minha liberdade deve terminar onde começa a liberdade do outro, então o sentido dos limites é fundamental para definir o carácter ético da minha liberdade. Se todos agirmos de forma responsável, todos estamos a garantir a nossa própria liberdade. É a irresponsabilidade dos prepotentes que constituiu a maior e mais presente ameaça à liberdade de cada um de nós.
Não há garantia de liberdade onde a responsabilidade social não estiver permanentemente presente, assegurando que os limites existem, são respeitados e orientam o sentido dos nossos actos.

terça-feira, 28 de abril de 2009

25 de Abril

Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo

Sophia de Mello Breyner Andresen - "Obra poética - O Nome das Coisas"

sábado, 25 de abril de 2009

terça-feira, 21 de abril de 2009

sexta-feira, 17 de abril de 2009

terça-feira, 14 de abril de 2009

sábado, 11 de abril de 2009

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Abril, Quinta 9

Em chinês, a palavra crise é composta por dois caracteres: um representa perigo e o outro, oportunidade
John F. Kennedy

Palavras de um pensamento sábio, pragmático, certo, como todas as coisas simples e profundas que vêm do começo dos tempos.

Perigo porque nos alerta para o que põe em risco as nossas vidas ou a segurança do nosso viver em comunidade. Oportunidade para reflectirmos, tomarmos consciência dos nossos erros, corrigirmos o rumo que escolhemos, ou mudar os objectivos que definimos. Oportunidade para mudarmos de caminho ou mesmo para voltar atrás e recomeçarmos. Porque é sempre melhor voltar ao começo de tudo do que persistir no trajecto que conduz ao abismo, caminhando para a nossa fatal aniquilação.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Abril, Segunda 6

O que sabemos é uma gota de água , o que ignoramos é um oceano.

Isaac Newton



Tantos já o disseram, como aquele sábio homem da Grécia, de seu nome Sócrates, que sacrificou a sua vida para dar como exemplo que só a dúvida constante é o princípio da sabedoria.

Quando alguém lhe elogiou o saber, ele vincou de imediato que talvez houvesse nisso alguma verdade porque, de facto, ele tinha uma forte convicção que nada sabia, ou seja, que nele as dúvidas eram imensas e quase inexistentes as certezas.

Por isso, o que define os tolos é a convicta presunção acerca do seu saber.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Do trigo e do joio

Há searas onde campeia o joio
Onde a foice não entra por não darem pão
Só os rebanhos aproveitam porque apenas para pasto dão

Há terras onde a estupidez impera
Sufocando nelas qualquer lampejo de razão

Assim vives tu
Minha terra
Antes tão uber
Hoje tão estéril
Sufocada sob o mando espúrio que te condena à triste escuridão

domingo, 4 de janeiro de 2009

Eles

Enganas-te!

Atribuis-lhes opinião
E só os move a ambição

Neles nâo há "razão"
Apenas impulsos reles conduzem a sua acção

Vangloriam-se de astutos
Sendo impantes e estultos

Vão cegos na correria
Ignorando que são
"O cadáver adiado que procria"

( Com a devida vénia ao Fernando Pessoa)

sábado, 3 de janeiro de 2009

Aqui - Agora

Nesta pequena pátria
Terra mártir de tanta estupidez
Me conforto
Na memória de tempos passados
E na esperança - tão adiada - do melhor que virá


Para os medíocres o passado não conta
Nem o futuro que não projectam
Só o presente
Apenas um presente mesquinho
Onde se repete a monotonia do seu existir tão limitado

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Muda o ano

Muda o ano
Mas muda a vida?

A vida, essa continua
Sem mudança
A mesma ânsia de que tudo mude.

Mas ganhamos a esperança
Em cada esperança de mudança
E nada muda.