A Mãe morreu quando ele tinha apenas dois anos e, dois anos depois, quando ele tinha apenas quatro anos de idade, o pai iniciou uma vida de sucessivas viagens, deixando-o com os avós na Quinta da Vitória, em Camarate. Aos nove anos morreu a avó. No ano seguinte, começou a frequentar o Liceu do Carmo, tendo sido transferido em 1909 para o Liceu Camões. Começou a escrever poesia no tempo em que era aluno liceal. Entretanto, com o pai que regressara dos Estados Unidos, viajou até Paris, Suíça e Itália. Em 1911, entrou no curso de Direito da Universidade de Coimbra mas nem chegou a terminar o primeiro ano. Por essa altura terá iniciado a sua amizade com Fernando Pessoa. Seguiu depois para Paris, para estudar Direito na Sorbonne. Mas dedicou-se à vida boémia e ao convívio com os meios intelectuais e artísticos de Paris. Numa passagem por Lisboa, com Fernando Pessoa e outros amigos, fundou a revista “Orpheu” cujo primeiro número saiu em Abril de 1915. Logo depois regressou a Paris, onde se suicidou com vários frascos de estricnina em 26 de Abril de 1916. O sentido trágico da existência, a perda de uma grandeza quimérica perdida mas que sentira ao seu alcance e o drama da solidão, são os temas que atravessam a sua obra.
TORNIQUETE A tômbola anda depressa,Nem sei quando irá parar ---Aonde, pouco me importa;O importante é que pare...--- A minha vida não cessaDe ser sempre a mesma portaEternamente a abanar... Abriu-se agora o salãoOnde há gente a conversar.Entrei sem hesitação ---Somente o que se vai dar?A meio da reunião,Pela certa disparato,Volvo a mim a todo o pano: Às cambalhotas desato,E salto sobre o piano...--- Vai ser bonita a função!Esfrangalho as partituras,Quebro toda a caqueirada,Arrebento à gargalhada,E fujo pelo saguão... Meses depois, as gazetasDarão críticas completas,Indecentes e patetas,Da minha última obra...E eu --- prà cama outra vez,Curtindo febre e revés,Tocado de Estrela e Cobra... Mário de Sá-Carneiro
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