Poeta e ensaísta português, natural de Faro. Nasceu em 17 de Outubro de 1924. Quando a Segunda Guerra Mundial terminou, Ramos Rosa rumou a Lisboa. Na capital, trabalhou no comércio, actividade que logo abandonou para se dedicar à poesia. Também tradutor e ensaísta, escreveu dezenas de volumes de poesia. Recebeu numerosos prémios nacionais e estrangeiros, entre os quais o Prémio Pessoa, em 1988. É geralmente tido como um dos grandes poetas portugueses contemporâneos. Ramos Rosa, foi considerado o poeta do presente absoluto, da «liberdade livre”. É comparado com os grandes escritores nacionais. Urbano Tavares Rodrigues considerou-o como o empolgante poeta das coisas primordiais, da luz, da pedra e da água.
Onde mora a memória obscura, onde
esse cavalo persiste como um relâmpago de pedra, onde o corpo se nega, onde a noite ensurdece,
caminho sobre pedras na minha casa pobre.
Não conheço esse lago, não fui a esse país.
Mas aqui é um termo ou princípio novo.
Com a baba do cavalo, com os seus nervos mais finos
reconstruí o corpo, silenciei os membros.
Não se estancou a sede, no mesmo caos de agora,
mas a língua rebenta, as vértebras estalam
por uma nova língua, por um cavalo que una
a terra à tua boca, e a tua boca à água.
(de Ciclo do Cavalo,1975)