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domingo, 18 de abril de 2010

Semana "DAVID MOURÃO-FERREIRA (VII)


David Mourão-Ferreira  nasceu a 24 de Fevereiro de 1927 e faleceu a16 de Junho de 1996. Licenciou-se em Filologia Românica pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa em 1951, onde mais tarde em 1957 foi professor. Na sua obra, são famosos alguns dos poemas que compôs para a voz de Amália Rodrigues, como Sombra, Maria Lisboa, Nome de Rua, Fado Peniche e sobretudo Barco Negro, entre outros. Entre 1963 e 1973 foi secretário-geral da Sociedade Portuguesa de Autores. No pós-25 de Abril, foi director do jornal A Capital e director-adjunto de O Dia. No governo, desempenhou o cargo de Secretário de Estado da Cultura (de 1976 a Janeiro de 1978, e em 1979). Foi autor de alguns programas de televisão de que se destacam "Imagens da Poesia Europeia", para a RTP. Em 1981 foi condecorado com o grau de Grande Oficial da Ordem de Santiago da Espada. Em 1996 recebe o Prémio de Carreira da Sociedade Portuguesa de Autores e, no mesmo ano, recebe a Grã-Cruz da Ordem de Santiago da Espada.

Alvorada

E de súbito
um corpo! Alvorada sombria,
Alvorada nefasta envolta nuns cabelos.....
Eram negros e vivos. Quem sofria,
Só de vê-los?

Eram negros; e vivos como chamas.
Brilhavam, azulados sob a chuva.
Brilhavam, azulados, como escamas
De sereia sombria, sob a chuva...

Veio cedo de mais a trovoada:
O vento me lembrou
De quem eu sou.
- Alvorada suspensa! Contemplada
por alguém que chegou a uma sacada
e à beira da varanda vacilou.

sábado, 17 de abril de 2010

Semana "DAVID MOURÃO-FERREIRA" ( VI)


David Mourão-Ferreira  nasceu a 24 de Fevereiro de 1927 e faleceu a16 de Junho de 1996. Licenciou-se em Filologia Românica pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa em 1951, onde mais tarde em 1957 foi professor. Na sua obra, são famosos alguns dos poemas que compôs para a voz de Amália Rodrigues, como Sombra, Maria Lisboa, Nome de Rua, Fado Peniche e sobretudo Barco Negro, entre outros. Entre 1963 e 1973 foi secretário-geral da Sociedade Portuguesa de Autores. No pós-25 de Abril, foi director do jornal A Capital e director-adjunto de O Dia. No governo, desempenhou o cargo de Secretário de Estado da Cultura (de 1976 a Janeiro de 1978, e em 1979). Foi autor de alguns programas de televisão de que se destacam "Imagens da Poesia Europeia", para a RTP. Em 1981 foi condecorado com o grau de Grande Oficial da Ordem de Santiago da Espada. Em 1996 recebe o Prémio de Carreira da Sociedade Portuguesa de Autores e, no mesmo ano, recebe a Grã-Cruz da Ordem de Santiago da Espada.

Canção amarga

Que importa o gesto não ser bem
o gesto grácil que terias?
--- Importa amar, sem ver a quem...
Ser mau ou bom, conforme os dias.

Agora, tu só entrevista,
quantas imagens me trouxeste!
Mas é preciso que eu resista
e não acorde um sonho agreste.

Que passes tu! Por mim, bem sei
que hei-de aceitar o que vier,
pois tarde ou cedo deverei
de sonho e pasmo apodrecer.

Que importa o gesto não ser bem
o gesto grácil que terias?
--- Importa amar, sem ver a quem...
Ser infeliz, todos os dias!

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Semana "DAVID MOURÃO-FERREIRA" ( V )


David Mourão-Ferreira  nasceu a 24 de Fevereiro de 1927 e faleceu a16 de Junho de 1996. Licenciou-se em Filologia Românica pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa em 1951, onde mais tarde em 1957 foi professor. Na sua obra, são famosos alguns dos poemas que compôs para a voz de Amália Rodrigues, como Sombra, Maria Lisboa, Nome de Rua, Fado Peniche e sobretudo Barco Negro, entre outros. Entre 1963 e 1973 foi secretário-geral da Sociedade Portuguesa de Autores. No pós-25 de Abril, foi director do jornal A Capital e director-adjunto de O Dia. No governo, desempenhou o cargo de Secretário de Estado da Cultura (de 1976 a Janeiro de 1978, e em 1979). Foi autor de alguns programas de televisão de que se destacam "Imagens da Poesia Europeia", para a RTP. Em 1981 foi condecorado com o grau de Grande Oficial da Ordem de Santiago da Espada. Em 1996 recebe o Prémio de Carreira da Sociedade Portuguesa de Autores e, no mesmo ano, recebe a Grã-Cruz da Ordem de Santiago da Espada.


E por vezes…

E por vezes as noites duram meses
E por vezes os meses oceanos
E por vezes os braços que apertamos
nunca mais são os mesmos E por vezes

encontramos de nós em poucos meses
o que a noite nos fez em muitos anos
E por vezes fingimos que lembramos
E por vezes lembramos que por vezes

ao tomarmos o gosto aos oceanos
só o sarro das noites não dos meses
lá no fundo dos copos encontramos

E por vezes sorrimos ou choramos
E por vezes por vezes ah por vezes
num segundo se envolam tantos anos.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Semana "DAVID MOURÃO-FERREIRA" ( IV )


David Mourão-Ferreira  nasceu a 24 de Fevereiro de 1927 e faleceu a16 de Junho de 1996. Licenciou-se em Filologia Românica pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa em 1951, onde mais tarde em 1957 foi professor. Na sua obra, são famosos alguns dos poemas que compôs para a voz de Amália Rodrigues, como Sombra, Maria Lisboa, Nome de Rua, Fado Peniche e sobretudo Barco Negro, entre outros. Entre 1963 e 1973 foi secretário-geral da Sociedade Portuguesa de Autores. No pós-25 de Abril, foi director do jornal A Capital e director-adjunto de O Dia. No governo, desempenhou o cargo de Secretário de Estado da Cultura (de 1976 a Janeiro de 1978, e em 1979). Foi autor de alguns programas de televisão de que se destacam "Imagens da Poesia Europeia", para a RTP. Em 1981 foi condecorado com o grau de Grande Oficial da Ordem de Santiago da Espada. Em 1996 recebe o Prémio de Carreira da Sociedade Portuguesa de Autores e, no mesmo ano, recebe a Grã-Cruz da Ordem de Santiago da Espada.

Soneto do amor cativo

Se é sem dúvida Amor esta explosão
de tantas sensações contraditórias;
a sórdida mistura das memórias,
tão longe da verdade e da invenção;

o espelho deformante; a profusão
de frases insensatas, incensórias;
a cúmplice partilha nas  histórias
do que os outros dirão ou não dirão;

se é sem dúvida Amor a cobardia
de buscar no lençóis a mais sombria
razão de encantamentos e de desprezo;

não há dúvida Amor que te não fujo
e que, por ti, tão cego, surdo e sujo,
tenho vivido eternamente preso!

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Semana "DAVID MOURÃO-FERREIRA" ( III )


David Mourão-Ferreira  nasceu a 24 de Fevereiro de 1927 e faleceu a16 de Junho de 1996. Licenciou-se em Filologia Românica pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa em 1951, onde mais tarde em 1957 foi professor. Na sua obra, são famosos alguns dos poemas que compôs para a voz de Amália Rodrigues, como Sombra, Maria Lisboa, Nome de Rua, Fado Peniche e sobretudo Barco Negro, entre outros. Entre 1963 e 1973 foi secretário-geral da Sociedade Portuguesa de Autores. No pós-25 de Abril, foi director do jornal A Capital e director-adjunto de O Dia. No governo, desempenhou o cargo de Secretário de Estado da Cultura (de 1976 a Janeiro de 1978, e em 1979). Foi autor de alguns programas de televisão de que se destacam "Imagens da Poesia Europeia", para a RTP. Em 1981 foi condecorado com o grau de Grande Oficial da Ordem de Santiago da Espada. Em 1996 recebe o Prémio de Carreira da Sociedade Portuguesa de Autores e, no mesmo ano, recebe a Grã-Cruz da Ordem de Santiago da Espada.

Crepúsculo

É quando um espelho, no quarto,
se enfastia;
Quando a noite se destaca
da cortina;
Quando a carne tem o travo
da saliva,
e a saliva sabe a carne
dissolvida;
Quando a força de vontade
ressuscita;
Quando o pé sobre o sapato
se equilibra...
E quando às sete da tarde
morre o dia
- que dentro de nossas almas
se ilumina,
com luz lívida, a palavra.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Semana "DAVID MOURÃO-FERREIRA" ( II )


David Mourão-Ferreira  nasceu a 24 de Fevereiro de 1927 e faleceu a16 de Junho de 1996. Licenciou-se em Filologia Românica pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa em 1951, onde mais tarde em 1957 foi professor. Na sua obra, são famosos alguns dos poemas que compôs para a voz de Amália Rodrigues, como Sombra, Maria Lisboa, Nome de Rua, Fado Peniche e sobretudo Barco Negro, entre outros. Entre 1963 e 1973 foi secretário-geral da Sociedade Portuguesa de Autores. No pós-25 de Abril, foi director do jornal A Capital e director-adjunto de O Dia. No governo, desempenhou o cargo de Secretário de Estado da Cultura (de 1976 a Janeiro de 1978, e em 1979). Foi autor de alguns programas de televisão de que se destacam "Imagens da Poesia Europeia", para a RTP. Em 1981 foi condecorado com o grau de Grande Oficial da Ordem de Santiago da Espada. Em 1996 recebe o Prémio de Carreira da Sociedade Portuguesa de Autores e, no mesmo ano, recebe a Grã-Cruz da Ordem de Santiago da Espada.

Penélope

mais do que um sonho: comoção!
Sinto-me tonto, enternecido,
quando, de noite, as minhas mãos
são o teu único vestido.

e recompões com essa veste,
que eu, sem saber, tinha tecido,
todo o pudor que desfizeste
como uma teia sem sentido,
todo o pudor que desfizeste
a meu pedido.

mas nesse manto que desfias,
e que depois voltas a pôr,
eu reconheço os melhores dias
do nosso amor.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Semana "DAVID MOURÃO-FERREIRA" ( I )


David Mourão-Ferreira  nasceu a 24 de Fevereiro de 1927 e faleceu a16 de Junho de 1996. Licenciou-se em Filologia Românica pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa em 1951, onde mais tarde em 1957 foi professor. Na sua obra, são famosos alguns dos poemas que compôs para a voz de Amália Rodrigues, como Sombra, Maria Lisboa, Nome de Rua, Fado Peniche e sobretudo Barco Negro, entre outros. Entre 1963 e 1973 foi secretário-geral da Sociedade Portuguesa de Autores. No pós-25 de Abril, foi director do jornal A Capital e director-adjunto de O Dia. No governo, desempenhou o cargo de Secretário de Estado da Cultura (de 1976 a Janeiro de 1978, e em 1979). Foi autor de alguns programas de televisão de que se destacam "Imagens da Poesia Europeia", para a RTP. Em 1981 foi condecorado com o grau de Grande Oficial da Ordem de Santiago da Espada. Em 1996 recebe o Prémio de Carreira da Sociedade Portuguesa de Autores e, no mesmo ano, recebe a Grã-Cruz da Ordem de Santiago da Espada.
 
Soneto do amor cativo

Se é sem dúvida Amor esta explosão
de tantas sensações contraditórias;
a sórdida mistura das memórias,
tão longe da verdade e da invenção;

o espelho deformante; a profusão
de frases insensatas, incensórias;
a cúmplice partilha nas  histórias
do que os outros dirão ou não dirão;

se é sem dúvida Amor a cobardia
de buscar no lençóis a mais sombria
razão de encantamentos e de desprezo;

não há dúvida Amor que te não fujo
e que, por ti, tão cego, surdo e sujo,
tenho vivido eternamente preso!